sábado, 17 de outubro de 2009

A verdadeira riqueza é a disponibilidade diante do Reino.

O texto da liturgia da palavra de hoje chama-nos atenção ao uso da riqueza e a nossa disponibilidade de partilhar o que temos. A riqueza no AT é vista como sinal de benção e generosidade diniva, ela era sinal de aceitação divina, em Jesus não é a riqueza que o incomoda, mas o uso que se faz dela. Aquilo que deveria ser benção de Deus pode tornar-se maldição e até causa de condenação para alguns.
Nosso senhor disse um dia aos discípulos buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais vos será assegurado! Assim, o negócio da eterna salvação é, sem dúvida, o mais importante e primeiro a ser buscado e executado, mas, no entanto, é aquele de que muitos cristãos mais deixam para depois ou se esquecem totalmente.
Jesus propõe uma nova perspectiva diante da riqueza: a verdadeira riqueza não se encontra nos bens perecíveis e sim na disponibilidade e abertura de coração ao Reino de Deus. A lei de Jesus, ou seja, do amor, pressupõe a superação da lógica do acúmulo e da riqueza injusta pelo desprendimento e para ser livre diante do Reino. Com relação a isso comenta Santo Agostinho no livro Livre Arbítrio: “é evidente ser preciso não censurar o objeto do qual se usa mal, mas sim a pessoa que Del mal se serve”. Portanto o que se contrapõe aqui é a sabedoria do Reino, presente na primeira leitura, que tem na figura de Salomão seu expoente, com a insensatez daqueles que fazendo sua fortuna na terra daixa-la-a sem nada poder levar. Quem vive para acumular bens materiais e se acha superior a tudo é soberbo e não abre o coração para Deus. Sua riqueza é podre e não o levará nada.
É de admirar que muitos pessoas corram incasavelmente para conseguir todos os bens materiais disponíveis no mercado, mas deixa passar pelos lados os bens eternos. Neste ínterim afirma Santo Afonso Maria de Ligório: “Quanta aflição quanto se perde um processo ou uma colheita e quanto cuidado para reparar o prejuízo!... Quando se extravia um cavalo ou um cão, quantas diligências para encontrá-los. Muitos perdem a graça de Deus, e entretanto dormem, riem e gracejam!...”
“Mas vos, disse São Paulo, vós, meus irmãos, pensai unicamente no magno assunto de vossa salvação, pois constituiu o negócio da mais alta importância”. É, sem contestação, o negócio mais importante, porque é das mais graves conseqüências, em vista de se tratar nossa salvação. Devemos estimar a alma – disse São João Crisóstomo, como o mais precioso dos bens. Para compreender esta verdade, basta considerar que Deus sacrificou seu próprio Filho à morte para salvar nossas vidas(Jo 3,16).
Razão tinha São Filipe Neri em chamar de louco o homem que não trabalhava na salvação de sua alma. Se houvesse na terra homens mortais e homens imortais e aqueles vissem estes se aplicarem afanosamente às coisas do mundo, procurando honras, riquezas e prazeres terrenos, dizer-lhes-iam sem dúvida: « Quanto sois insensatos! Podeis adquirir bens eternos e só pensais nas coisas miseráveis e passageiras, condenando-vos a penas eternas na outra vida!... É preciso sempre lembrar que nossa morada não é aqui e que não temos, como afirma a Lumen gentium 48, morada permanente neste mundo. Esperamos um outro reino e tudo que está aqui é passageiro somente Deus é eterno. Para o cristão consciente de seu papel no mundo tudo é bom e tudo vem de Deus, mas como afirma São Justino, mártir, na primeira apologia: nossa esperança está em Deus.
Um dia Santo Inácio de Loyola falando para São Francisco Xavier disse: “Pensa, Francisco que o mundo é traidor, que promete e não cumpre; mas ainda que cumprisse o que promete, jamais poderia satisfazer teu coração. E supondo que o satisfizesse, quanto tempo poderá durar essa felicidade? Mais que tua vida? E no fim dela, levarás tua dita para a eternidade? Existe, porventura, algum poderoso que tenha levado para o outro mundo uma moeda sequer ou um criado para seu serviço?...” Movido por estas considerações, São Francisco Xavier renunciou ao mundo, seguiu Santo Inácio de Loyola e se tornou um grande santo.
A nossa vida deve primeiramente está mergulhada de Deus, repleta de caridade e nosso principal tesouro é a sabedoria do reino que tudo faz de acordo com a vontade de Deus, pois nosso coração está plenamente satisfeito quando repousar em Deus... somente
Façamos, pois todo o esforço para adquirir o grande tesouro do amor divino. “Que possui o rico, se não tem caridade? E se o pobre tem caridade, o que não possui?”, diz Santo Agostinho. Quem possui todas as riquezas, mas não possui a Deus, é o mais pobre do mundo. Mas o pobre que possui a Deus possui tudo... E quem é que possui a Deus? Aquele que o ama. “Quem, permanece na caridade, em Deus permanece, e Deus nele” (I Jo 4,16)



Pe. Fantico Borges, CM

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