sábado, 26 de março de 2016

Homilia da Vigília Pascal. Pe. Fantico Borges, CM

Vigília Pascal - Ano C

Ó noite de alegria verdadeira!

É uma Noite estupenda, esta Noite! Não há outra, como esta; não poderá haver neste mundo! Esta Noite santíssima, caríssimos, resume e encerra em si, como num ventre fecundo, outras noites.
Vede: hoje, nesta Noite, quando tudo era trevas, Deus disse: “Faça-se a luz!” e a luz se fez (cf. Gn 1,3)! Hoje, quando Isaac estava para entrar na noite da morte, pois nosso Pai Abraão tinha decidido sacrificá-lo a Deus, a luz brilhou e o Senhor disse: “Abraão, não estendas a mão contra o teu filho!” E Isaac viu a luz da vida (cf. Gn 22,12)! Ainda hoje, nesta Noite, Deus, com braço estendido, fez o seu povo atravessar o Mar Vermelho e deixar a escravidão de Faraó, no Egito (cf. Ex 14,1-31). Foi também hoje, nesta noite bendita – nesta mesma Noite! –, que o Pai, derramou seu Espírito Santo sobre o nosso Jesus que estava morto e o arrancou das trevas da morte, fazendo-o passar para a luz da plenitude da vida. Finalmente, numa noite como esta, num hoje como hoje, no meio da noite deste mundo, em plena escuridão da história, o Pai enviará o Cristo ressuscitado, pleno de glória, e brilhará, no meio da noite deste mundo, o Dia eterno, da glória eterna, na plenitude do Reino! E já não haverá mais noite e o Cordeiro imolado e ressuscitado será nosso sol, nosso dia eterno (cf. Ap 22,5)!
Irmãos amados, todas estas noites que se transformam em dia de luz fulgurante, se resumem e estão presentes misteriosamente nesta Noite de Páscoa! Porque nesta Noite Cristo ressuscitou, todas as noites da história da salvação e todas as noites deste mundo, e todas as noites da nossa vida e do nosso coração, são transformadas em Dia pleno, Dia triunfante, Dia resplendente de glória! Nem todas as palavras do mundo bastariam para exprimir o mistério desta Noite!
Irmãos, Irmãs, se correrdes ao túmulo do Crucificado, tereis uma surpresa: não o encontrareis lá! "Por que estais procurando entre os mortos Aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!” Irmãos, crede: no meio desta Noite – só ela viu, só ela sabe a hora! – o nosso Jesus deixou a morte na qual havia entrado na Sexta-feira, e entrou na plenitude da vida do Pai! Irmãos, Irmãs, não procureis Jesus neste mundo: ele partiu, ele ressuscitou, ele está com o Pai, pleno de corpo e de alma! Ele, agora, é nosso eterno Intercessor, nosso Senhor, nosso Deus Vencedor! Mas, não fiqueis tristes, irmãos: ele, que se foi, não nos deixou. Deu-nos o seu Espírito Santo, Aquele mesmo no qual o Pai o ressuscitou. Vós, batizados em Cristo, recebestes o Espírito Santo de Cristo e, agora, tendes a vida do Cristo em vós, que irá crescendo até a vida eterna! No Espírito Santo de Cristo, tendes a vida do Senhor no pão e no vinho, presença real do Cristo morto e ressuscitado! Ele, que se foi, não nos deixou! Na potência do seu Espírito, continua agindo em nós e entre nós!
             Irmãos, esta Noite é santa! Toda lágrima, nela, é enxugada; todo pecado, nela, é perdoado; toda morte, nela, é vencida! Irmãos, nosso Jesus ressuscitou, nosso Jesus foi constituído Senhor, nosso Jesus abriu-nos um caminho novo; nosso Jesus deu-nos um novo rumo na vida, uma nova esperança , uma invencível certeza! Irmãos, nesta Noite, a Morte perdeu a guerra, nesta Noite, o Filho de Deus, na sua humanidade igual a nossa, venceu a Morte, arrombou o pântano infernal e abriu-nos o caminho para o Pai! Irmãos, esta é a Noite mais feliz da história humana: é a Noite da Páscoa; Páscoa de Cristo, nossa Páscoa! “Eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino sangue nos salvou! Ó Noite de alegria verdadeira, que prostra o Faraó e ergue os hebreus, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz de Deus!”

Irmãos, Cristo ressuscitou! Irmãs, o sepulcro está vazio! Irmãos, Cristo, nosso Caminho, abriu-nos o caminho da vida! Irmãs, vivamos vida nova, porque agora nossa vida tem rumo, sentido e plenitude: na treva humana brilhou em Cristo a luz de Deus! Feliz Páscoa, Irmãos! Cristo ressuscitou, Irmãs! Aleluia!

sexta-feira, 25 de março de 2016

Homília da Sexta-Feira Santa do Padre Fantico


Homília da Sexta-Feira Santa

A liturgia desta Sexta-feira Santa tem como ponto alto a cruz de Jesus. Diz São Leão Magno:  “Que a nossa inteligência, iluminada pelo Espírito da Verdade, acolha, com o coração puro e liberto, a glória da cruz que se irradia pelo céu e a terra”. O mesmo santo nos diz que a santa cruz “é fonte de todas as bênçãos e origem de todas as graças. Por ela, os que creem recebem na sua fraqueza a força; na humilhação, a glória; na morte, a vida”. Cantemos, nós também, a glória da Santa Cruz.
O centro, é portanto a mensagem que o Cristo, nossa páscoa foi imolado por nossos pecados. O Justo pelos injustos, o Santo pelos pecadores. O filho unigênito pelos filhos desobedientes. A sexta feira Santa revela o inefável amor de Deus pela criação. A obediência do Filho recompõe o que outrora nossa desobediência fizera perder: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. Esta hodierna Liturgia é solene e dramática. Altar desnudo cruzes veladas na igreja, nenhum ornamento... Quase não há palavras para exprimir o estupendo mistério que se celebrará: o eterno Filho, Deus santo, vivo e verdadeiro, na tarde sacratíssima desta sexta-feira, por nós se entregou ao Pai, em total obediência, até à morte, e morte de cruz! Para contemplar o mistério celebrado, tomemos, então, com temor e tremor, as palavras da Epístola aos Hebreus, que apresenta-nos no inicio: “Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreu”. Eis aqui uma realidade que jamais poderemos compreender totalmente! O Filho eterno, o Filho que vive sempre na intimidade do Pai, o Filho infinitamente amado pelo Pai, no seu caminho neste mundo, aprendeu a descobrir, cada dia, a vontade do seu Pai e a ela obedecer! Mais ainda: esta obediência lhe custou lágrimas, fê-lo sofrer!
Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.  
Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe olado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água,como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.
De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa. Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte. Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.


Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C) Um homem vem a Jesus pedindo que diga ao irmão que reparta consigo a herança. Depois ...