A ESPIRITUALIDADE DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA
SAGRADA COMUNHÃO
INTRODUÇÃO
Antes que possamos refletir sobre a espiritualidade que norteia o
Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é preciso definir o que
é espiritualidade e o que é espiritualidade cristã.
A palavra espiritualidade traz alguns equívocos, pois é usada em
diversos contextos e muitas vezes de forma errônea.
“É escusado admitir que há muitas espiritualidades, além da cristã.
Todas elas,
enquanto humanas, são legitimamente sadias e caminhos a serem seguidos e
perseguidos com denodo e segurança” (Frei Neylor J. Tonin, Curso de
Teologia – Psicologia e Espiritualidade Cristã). “Ela
consiste essencialmente em uma busca pessoal de sentido para o próprio
existir e agir. Acha-se, por isso, unida à motivação profunda que nos faz
crer, lutar e amar” (João Edênio dos Reis Valle, em Psicologia e
Espiritualidade). Muitas pessoas confundem espiritualidade com religião. São
diferentes, por definição e essência. Talvez seja por isso que encontramos
muitas pessoas tidas como religiosas, mas sem espiritualidade alguma e, por
outro lado, podemos encontrar pessoas fora das igrejas, mas com muita
espiritualidade. Podemos afirmar que espiritualidade é uma
dimensão da pessoa humana que traduz o modo de viver característico de um
crente em busca da plenitude de sua relação com o transcendental. Em outras
palavras: É a relação natural do homem com Deus, é um estilo de vida.
Muitos ainda classificam o ser humano dentro da dualidade “corpo
e alma”. Os estudiosos, os cientistas, os antropólogos dizem que nós,
seres humanos, somos muito mais que essa dualidade. Temos nosso corpo
(matéria), nossa alma (aquilo que dá ânimo ao corpo) e nosso espírito (parte
imaterial do ser). Mas temos também nossa história particular, que relata
nossas origens (onde nascemos filhos de quem, onde estudamos, onde
trabalhamos, onde vivemos), temos nossas emoções, nossas razões, nosso “eu”
interior, nossos relacionamentos, nossas ações, nosso trabalho. Tudo isso faz
de nós “pessoas”, pessoas com espiritualidade, pessoas como Jesus Cristo. A
propósito, ao morrermos e ressuscitarmos, o faremos como pessoas. Não somente
nossa alma ressuscitará, mas toda nossa “pessoa”. É errado rezarmos pela
“alma de fulano de tal...”. Devemos rezar pelo “falecido tal..., pela pessoa
tal...”
CARACTERÍSTICAS DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ
1) Presença real de Deus
É importante saber e sentir essa presença real de Deus de forma
concreta e prática, não apenas de forma simbólica ou representativa. Deus age
em nós, por nós e conosco. O mesmo Deus que vem ao nosso encontro nos leva ao
seu encontro; isso é uma via de mão dupla.
2) Cristocêntrica
A espiritualidade cristã só pode ser vivida da mesma forma que Jesus a
vivenciava. Não dá para ter espiritualidade cristã sem ter Jesus Cristo como
nosso mestre. O propósito é nos fazer crescer em direção a Deus através de um
processo de transformação e conversão:
“Ninguém chega ao Pai se não por mim.” Portanto, requer um
compromisso genuíno com Deus e com o próximo: “Tudo o que
fazeis a cada um desses pequenos é a mim que o fazeis.” Não devemos
nos perguntar “o que vou ganhar em seguir Jesus Cristo, mas o que vou perder
por sua causa”. Se compreendermos isso, nossa cruz não será tão pesada.
3) Trinitária
A fonte de esperança do cristão é saber-se filho de Deus, irmão de
Jesus e templo do Espírito Santo. A espiritualidade cristã tem suas raízes
fincadas na experiência pessoal na Trindade Santa, especialmente pelos
valores traduzidos do Evangelho e de forma experiencial pelo seguimento dos
passos de Jesus Cristo. Esse encontro pessoal com Jesus Cristo é a
experiência do mistério que nos circunda e envolve.
“A espiritualidade vivida no Pai, no Filho e no Espírito Santo nos
torna autênticos, dinâmicos, firmes na fé e perseverantes na missão que a
Igreja confia a cada um de nós. A espiritualidade trinitária faz que nos
posicionemos diante da realidade e nos leva a ver os acontecimentos do mundo
com os olhos de Deus (Pe.
Humberto Robson de Carvalho, em “Espiritualidade doCatequista”, Ed. Paulus).
Nossa espiritualidade tem a ver com o Espírito de Deus revelado por
Jesus Cristo e que nos foi dado como defensor, animador e luz. Rememorando os
passos de Jesus Cristo vemos que eles brotavam do coração de Deus. Jesus era
sempre impelido em direção aos pobres, doentes, crianças, mulheres,
estrangeiros, excluídos.
4) Bíblica
A espiritualidade cristã fundamenta-se na tradição bíblica, tendo por
objeto o estudo da vida construída sob a ação do Espírito Santo. Esse estudo
não nos leva a um processo de ajuste aos valores sociais dominantes, mas a um
caminho que envolve crise e transformação, no qual a tensão entre a Palavra
de Deus e o mundo estará sempre presente.
5) Missionária
Cristo dizia que veio para cumprir a palavra do Pai. “Uma vez
seduzido por Cristo, o catequista torna-se missionário. Ser missionário é ser
evangelizador” (Pe. Humberto Robson de Carvalho, em “Espiritualidade
do Catequista”, Ed. Paulus).
Esse mesmo conceito aplica-se aos Ministros da Eucaristia, e não somente
aos catequistas. A propósito disso a Conferência de Aparecida pede que
deixemos de ser uma pastoral de conservação e nos transformemos em uma
pastoral verdadeiramente missionária: “No seguimento de Jesus Cristo
aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida do
próprio Jesus: seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão entranhável
frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e aos pequenos, sua
fidelidade à missão encomendada, seu amor serviçal até a doação de sua vida” (DAp
139).
Maria de Nazaré é o modelo por excelência do ser missionário; aquela
que respondeu “sim”, que acompanhou a encarnação do Verbo de Deus desde o
primeiro momento da sua concepção até a morte e ressurreição. Maria é a
expressão da espiritualidade vivida e integrada na vida e indica modos de
viver: “Jesus se aproximou deles e disse: “Foi-me dada toda a
autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as
nações, e batizai-os em nome do pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes
a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os
dias, até o fim dos tempos (Mt 28, 18-20).
6) Orante
Tem haver com oração pessoal e vida eucarística. “Lembrem-se,
porém, que a oração deve acompanhar a leitura da Sagrada Escritura para que
haja colóquio entre Deus e o homem, pois com Ele falamos quando rezamos e a
Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos.”
(DV 25) Santo Agostinho dizia que o “Pai-Nosso é o
resumo de nossa espiritualidade.” Oração e missão precisam caminhar
juntas.
A ESPIRITUALIDADE DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA COMUNHÃO (*) Baseada no livro “A
Espiritualidade do Ministro da Eucaristia”, de Mitch Finley, Ed. Loyola)
Supõe uma mudança de vida a exigir de nós opções bem concretas,
escolhas e renúncias. O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão deve
cultivar a capacidade de ver além das aparências, de ultrapassar a
superficialidade do relacionamento e de aprofundar o amor ao próximo.
Extraordinariedade
O Direito Canônico afirma, através do cânon 230, que “onde a
necessidade da Igreja o aconselhar, na falta de ministros, podem também os
leigos exercer o ministério da palavra, presidir as orações litúrgicas,
administrar o batismo e distribuir a sagrada Comunhão”.
Muitas vezes somos levados a deixar o termo “extraordinário” subir à
cabeça e nos cremos imprescindíveis ou insubstituíveis. Ledo engano. O termo
“extraordinário” deve ser por nós entendido como “necessário”, o que nos
leva a estarmos sempre prontos para o serviço na comunidade. Se essa
extraordinariedade for aceita e cumprida, com o coração e não somente com ato
de servir, o “necessário” se torna excepcional ou notável.
Levar Cristo vivo aos necessitados, doentes ou moribundos, nos torna
notáveis já que temos o propósito de alimentar os que clamam pelo alimento
que só o Senhor ressuscitado dá. Este propósito deve alimentar a
espiritualidade do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão.
A Eucaristia é um mistério alegre
Participar de uma celebração eucarística é muito mais que participar
de uma representação simbólica. Muitos católicos acreditam que dizer que o
pão e o vinho eucarísticos se tornam o corpo e sangue de Cristo é
simplesmente fazer memória do que Cristo fez em sua última ceia. Participar
de uma celebração eucarística é participar “daquela ceia”, é se enxergar
sentado ao redor daquela mesa; é comer daquele pão e beber daquele vinho,
junto com Cristo. Quando falamos sobre os fundamentos bíblicos e teológicos
da Eucaristia tocamos neste assunto, ou seja, a Eucaristia é um mistério
alegre. Citamos Leon Bloy, poeta católico francês do início do século XX e
citamos também importante escritor inglês, G. K. Chesterton, que também
afirmava da alegria que o sacramento transmite.
Pensando nisso podemos afirmar que os Ministros Extraordinários da
Sagrada Comunhão Eucarística, por mais solenes que sejam as circunstâncias,
vão à presença daqueles que receberão a comunhão com uma luz especial nos
olhos, a luz do Cristo ressuscitado, a luz do mistério alegre da Eucaristia.
O caminhar cabisbaixo dos fiéis em direção à Eucaristia é sempre um momento
instigante: receber o Cristo ressuscitado é um momento de tristeza ou de
alegria? A postura solene e séria do Ministro Extraordinário da Sagrada
Comunhão Eucarística é também um momento instigante. É importante a postura
radiante de felicidade que o Ministro exibe no momento da entrega do Cristo
ressuscitado, postura essa que deve transferir, através dos gestos, das
palavras, da expressão facial e do brilho dos olhos, a alegria da Eucaristia.
De certa forma somos chamados a ser mensageiros da alegria de Cristo, ainda
que em qualquer circunstância dolorosa. Isto não significa agir de forma
tola, mas agir e mostrar a força de nossa fé, com o coração transbordante de
alegria.
As Virtudes do Ministro Extraordinário da Sagrada
Comunhão
São Paulo talvez seja quem melhor escreveu sobre as virtudes teologais
em sua primeira carta aos Coríntios (13,1-13) quando fala de Fé, Esperança e
Caridade. Na verdade, as únicas realidades que merecem ser levadas em conta.
Quando a comunidade se reúne para celebrar a Eucaristia se reúne para
celebrar a fé, esperança e caridade como modo de vida. Essa reunião não é
para cultuar uns aos outros, mas para cultuar Deus.
1) Fé
Para o catolicismo, fé não é crer em alguma coisa, mas é conhecer
Alguém, no caso, Deus, nosso pai amoroso e Jesus, seu filho amado, o Cristo
ressuscitado que vive em nós e em nosso meio. Portanto, fé é muito mais um
relacionamento pessoal do que uma experiência racional. Santo Agostinho, que
viveu entre os séculos IV e V, disse que “nosso Deus está mais
próximo de nós do que estamos nós mesmos”.
Nossa fé é expressa pela intimidade amorosa que temos com Deus e com
Cristo ressuscitado, aqui e agora. E o Ministro Extraordinário da Sagrada
Comunhão deve ter isso em conta, sempre. Na Eucaristia Cristo se dá a nós
como alimento e é aí que se dá o encontro do sagrado com o comum, a união
suprema do sagrado com o comum, da divindade com a humanidade. Tem sempre
alguém que pergunta: a fé do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é
diferente da fé do católico não ministro? Claro que não! A fé do Ministro
Extraordinário da Sagrada Comunhão é a mesma fé compartilhada por toda a
Igreja. Então, o que diferencia um do outro?
Certamente a experiência pessoal de cada um no exercício de sua
missão. Cada ser, cada Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, traz
consigo sua experiência pessoal de Deus, sua preparação, sua devoção, sua
maneira de ser. Traz consigo seu relacionamento pessoal, único, com a Eucaristia.
Uma coisa que o Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão não pode
ter é medo de perguntas embaraçosas sobre a Eucaristia, afinal, estamos
lidando com um mistério, talvez o maior de todos. O que deve fazer diante
dessas perguntas, das dúvidas que existem, é buscar as respostas, através de
aconselhamento com a comunidade religiosa, com leitura especializada, com a
participação em eventos, cursos e seminários. Tudo isso, certamente,
aprofundará o entendimento do mistério e dará sustentação à sua fé. Partamos
da partilha dos pães e dos peixes. Como Jesus repartiu os pães e os peixes
para que uma multidão de cinco pessoas se alimentasse? Como, não sabemos; mas
sabemos que Ele o fez.
Da mesma forma, como Jesus partilha conosco o mistério de sua pessoa ressuscitada
ter a aparência de pão e vinho? Como, não sabemos; mas sabemos que o faz.
Provavelmente nunca entenderemos este mistério por completo. A melhor forma
de entendermos isso é despertar nosso coração. É termos um coração
misericordioso, é termos um coração apaixonado por Jesus, é ter um coração de
poeta. Importante também é ter em mente que a fé do Ministro Extraordinário
da Sagrada Comunhão é a fé da Igreja, una, santa, católica e
apostólica: “Tudo o que podeis dizer ou fazer, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando graças por Ele, a Deus Pai”. (Cl 3, 17)
2) Esperança
“Que o Deus da esperança vos cumule de alegria e de paz na fé, a fim
de que transbordeis de esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15, 13).
A respeito da esperança Santa Tereza D’Ávila dizia que devemos “ouvir
não só com os ouvidos, mas com o coração”. Os Ministros da
Eucaristia partilham com os outros o Corpo e o Sangue de Cristo
ressuscitado. Dessa forma, partilham a esperança, para esta vida
e para a outra. Não só partilham, bem como alimentam a esperança. Há
muitíssimos relatos que afirmam que os doentes ao receberem a
comunhão levada por um Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão voltam
a ter esperança, o que os deixam muito felizes. É importante não pensar na esperança
como sendo um remédio que cura tudo. A esperança é o alimento necessário para
prosseguir vivendo, com paz e tranqüilidade. Muitos confundem
esperança com otimismo, porém a esperança não é uma emoção, não é uma questão
psicológica. É uma proposta, é uma certeza naquilo que há por vir. São João
da Cruz nos lembra que é mais fácil reconhecer a esperança na noite mais
escura, que é quando ela brilha mais forte.
Um antigo provérbio diz que “se não fosse a esperança, o coração se
partiria”. Nesse sentido, a Eucaristia dá uma esperança que cura corações
partidos. Dante, ao descrever o inferno em sua obra “Divina Comédia”, diz que
o diabo colocou uma placa no alto da porta de entrada: “Deixai de fora a
esperança, ó vós que entrais!” Curiosa descrição do inferno, como sendo a
ausência de toda esperança. Dá para imaginar isso?
3) Caridade / Amor
São Paulo é intrigante ao afirmar que das três virtudes, ainda que
todas importantes, o amor é a maior:“Atualmente permanecem as três coisas:
a fé, a esperança e o amor. Mas a maior é o amor.”
Normalmente, a primeira definição para caridade expressa nos
dicionários é “provisão de ajuda ou alívio aos mais necessitados”. Ensinava o
professor Paschoal Zampini que “a melhor maneira de se aprender Português é
aprendendo antes o Latim”. O que queria dizer o mestre com isso? A raiz
latina das palavras emigradas para o Português traz informações que nos
ajudam a entender melhor o significado das palavras. Assim, retornando à raiz
latina da palavra caridade, vemos que caridade “se refere ao amor benevolente
que Deus tem por nós e ao amor que temos uns pelos outros”. É esse amor que
são Paulo tinha em mente ao escrever o trecho acima.
Os Ministros da Eucaristia são chamados a serem instrumentos do amor
de Deus. Por isso é importante retomar o contexto da carta aos Coríntios: sem
uma rica vida interior, sem uma espiritualidade vivificante, o ato de levar
ou dar comunhão durante as celebrações eucarísticas é apenas um ato mecânico,
sem a beleza e a mística do Jesus ressuscitado. Para exercer o ministério
eucarístico em plenitude há que se fazê-lo com o coração transbordante do
amor de Deus. Uma boa prática para se conseguir isso é a prática da oração.
É visível a insistência de Jesus, através dos Evangelhos, no amor ao
próximo. Isso é básico e indispensável. E com a mesma clareza e insistência
diz que devemos amar a Deus por causa dele. Simplesmente fazer o bem aos
outros não nos faz seguidores de Cristo; o ateu humanista também faz isso.
Precisamos ser pessoas que rezam. Por isso a oração é fundamental para o
ministério eucarístico. Uma prática religiosa bastante recomendada aos
Ministros da Eucaristia é a adoração ao Santíssimo Sacramento. O tempo
passado na presença do Santíssimo alimenta a espiritualidade, em particular,
do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão. Por fim, ninguém ama o
próximo se não amar a si mesmo. A questão é apreciar e amar a si mesmo como
dádiva de Deus, simplesmente porque Deus nos ama. Diz um provérbio hassídico:
“Uma hoste de anjos vai adiante de cada ser humano, bradando: “Abram
caminho! Abram caminho para a imagem de Deus”. Como amar a nós mesmos?
Presença
O ministério da Eucaristia é o ministério da presença. Logicamente, a
presença real de Jesus Cristo ressuscitado na Eucaristia. Mas também a
presença de Jesus Cristo na pessoa do Ministro Extraordinário da Sagrada
Comunhão e naqueles a quem se oferece a sagrada comunhão. Isto se dá para
ratificar o mistério de amor que existe. É fácil constatar a presença de Deus
ao longo da História, desde os princípios até os dias de hoje e de amanhã.
Negar isso é negar nossa própria existência. “É da parte de Deus,
na presença de Deus, em Cristo que falamos” (2Cor 2, 17).
O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão deve transmitir a
presença divina, essa presença que comunica e alimenta a nossa fé, presença
que dá vida nova à relação do comungante com Cristo.
O ministério da Eucaristia é também o ministério da presença do
Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística na comunidade. Sua
presença constante, sua dedicação, sua disposição de estar presente quando
necessário, seu desejo de compartilhar a si mesmo e o seu tempo com os
outros, alimenta e suporta a fé daqueles a quem você serve como Ministro
Extraordinário da Sagrada Comunhão. A presença do Ministro Extraordinário da
Sagrada Comunhão numa comunidade, inserida numa sociedade consumista, que
aprendeu a valorizar muito mais as coisas do que as pessoas, deve ser
balizadora dos princípios éticos e morais do cristianismo. Infelizmente as
pessoas são julgadas pelos bens acumulados e não por seus ideais, por suas
convicções, por sua religiosidade. A atuação do Ministro Extraordinário da
Sagrada Comunhão se dá numa comunidade inserida numa sociedade em que os
seres humanos têm pouco valor antes do nascimento e ao se tornarem idosos
tornam-se também estorvo, um peso para a família e a sociedade. Portanto, a
presença do Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão é a presença do
próprio Jesus Cristo ressuscitado, não por causa de sua santidade – do
Ministro – mas por causa de sua missão, de seu testemunho e da graça que a
Eucaristia traz.
“Para amar alguma coisa é preciso perceber que podemos perdê-la!”
Este pensamento de G. K. Chesterton deve ser a tônica da presença do
Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão na comunidade. Sua presença está
relacionada à sua postura, o seu modo de vida, os seus gestos, as suas
palavras. O Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão deve marcar sua
presença na comunidade através de atitudes e testemunho de vida cristã. Sua presença
deve eliminar os excessos.
Finalizando
Por fim, retomamos a reflexão de Bento XVI em sua Exortação
Apostólica pós-Sinodal“Sacramentum Caritatis” quando afirma a relação
intrínseca entre fé eucarística e celebração, pondo em evidência a
oração e a ação litúrgica. E mais, a reflexão teológica não pode
prescindir do sacramento instituído por Jesus Cristo e a ação litúrgica
não pode prescindir do mistério da fé.Compreendendo-se isso, o caminho se
abre à nossa frente, um caminho mais suave, mais ameno, mais instigante,
mais santo, pois “sede santos como vosso Pai é santo”.
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