Homilia do Pe. Fantico Borges, CM na Festa da Assunção de Nossa Senhora.
Maria no céu
de corpo e alma é nossa esperança!
Essa festa
solene deste domingo é a repleta da certeza daquela esperança da salvação eterna,
da qual Jesus prometeu para todos os que permanecerem fiéis até o fim. Esperamos
conseguir do Senhor o que Maria, sinal glorioso da Igreja, já conseguiu.
Esperamos estar completos, corpo e alma, com o Senhor. Ao contemplar a Mãe de
Deus de maneira tão gloriosa no dia de hoje, os nossos corações se enchem de
luz e de esperança. Deus cuida de nós e nos conduz cada vez mais à sua vida
divina.
A teologia
patrística da Igreja, especialmente, São João Damasceno, fala com clareza da
existência da incorruptibilidade do corpo de Nossa Senhora. Por isso, afirma a
dormição de Maria. Para a antiga compreensão
“dormição” não significava necessariamente ausência de morte, mas um estado de
sono que o corpo entrava. Outro defensor da Assunção de Nossa Senhora na Idade
Média foi o assim chamado “Pseudo-Agostinho” (século IX); também Baldo de
Ubaldi, no século XV, foi um grande
defensor desta verdade de fé. Finalmente, o Papa Pio XII definiu solenemente o
dogma da Assunção no dia 1 de novembro de 1950 através da Constituição
“Munificentissimus Deus”. Inclusive o nome desta constituição deixa claro que
se trata de uma graça de Deus “munificentissimus”, isto é, generosíssimo.
Uma graça tal que é um privilégio: Maria recebeu o privilégio de que nela
fosse antecipado aquilo que acontecerá com todos os eleitos. Para São João
Damaceno: “ Convinha que aquela que guardara ilesa a virgindade no parto,
conservasse seu corpo, mesmo depois da morte, imune de toda corrupção. Convinha
que aquela que trouxera no seio o Criador como criancinha fosse morar nos tabernáculos
divinos.” A compreensão que Maria está no céu de corpo e alma casa-se muito bem
com a altíssima missão que lhe coubera na economia salvífica de Deus.
O Papa Pio
XII declara então “que é dogma divinamente revelado: que a Imaculada Mãe de
Deus e sempre Virgem Maria, ao término de sua vida terrestre, foi assunta em
corpo e alma à glória do céu”. É interessante que antes do Papa definir o
quarto dogma sobre Nossa Senhora, ele recorde os outros três: Mãe de Deus,
sempre Virgem (antes, durante e depois do parto), Imaculada. Pio XII não diz se
Maria, antes de ser elevada ao céu, morreu ou não: isso continua como tema
aberto à livre discussão teológica, isto é, pode-se defender uma ou outra
coisa. O que todos devem reter como doutrina de fé solenemente definida é que
ela, Nossa Senhora, foi elevada em corpo e alma aos céus, antecipadamente, como
privilégio.
Essa certeza dogmática
que Maria já alcançou a graça redentora de seu Filho é a nossa maior esperança
da vida eterna aberta por Jesus no altar da cruz. A esperança é virtude
sobrenatural, teologal, uma disposição plantada pelo Senhor na nossa alma que
nos une a ele através da vontade, do desejo. Esperamos em Deus e nos auxílios
(graças) que ele nos concede para alcançá-lo. Temos a firme esperança de chegar
ao céu, à bem-aventurança eterna. É nesse sentido que a Assunção de Maria nos
anima a continuar com os olhares fixos na meta: uma como nós conseguiu aquilo
que nós conseguiremos. O nosso caminho rumo ao céu já foi realizado por uma da
nossa raça. Assim como ela chegou lá por graça, também eu posso.
O que fazer,
então, para está junto com Maria na glória de Deus? Fazer tudo o que o Senhor
nos disser. Há uma serie de indicações nos Evangelhos sobre aquilo que temos
que realizar em nossa vida terrenal para chegar com Maria, os santos e santas
ao céu. Tomemos duas orientações básicas: Amar a Deus acima de tudo, ou seja,
nada, nem poder, honras, dinheiro, riquezas, títulos, são mais importantes do
que a amizade com Deus. Tudo faça para ser amigo de Deus. A segunda orientação
é amar o próximo como a si mesmo. Ninguém, em sã consciência, odeia sua própria
carne, ou seja, ninguém que o mal para si. Então, é preciso desejar para o
outro um amor no qual desejo para mim mesmo. Disto brota a caridade, a justiça,
a lealdade, a hospitalidade, o respeito, etc.
Pe. Fantico
Borges, CM