Homilia do
Padre Fantico Borges no IV Domingo da Quaresma – Ano B
A fidelidade de Deus e o desprezo do ser humano!
Na liturgia deste domingo o Senhor nos chama a
escuta da Palavra de Deus; a prestar atenção aos enviados do Senhor que
anunciam o desejo de divino para vida humana. A infidelidade do Povo em não "auscutar"
a Palavra de Deus; em não seguir seus ensinamentos gera a morte, ou seja, o
exílio. Viver no seguimentos de Deus requer uma existência capaz de abraçar a
vontade do Senhor como caminho de salvação.
A Quaresma converte-se neste tempo em que o Senhor
nos chama através da Igreja a refazer o caminha da infidelidade. Quantas vezes
a Igreja como enviada de Deus já não alertou a cada um de nós acerca de nossos
maus procedimentos? E o que fizemos?... É incontável a misericórdia divina porque
ao invés de escutar a Deus, nós o negamos com nosso mau comportamento. E o que
faz Deus? Envia-nos seu filho para todo que n'Ele tenha a vida eterna. Diz São
João Crisóstomo: "Existe algo que possa comparar-se com tão magnífica
bondade? Pois ultrajado pessoalmente como pagamento por seus inúmeros
benefícios, não só não assumiu represálias, mas também nos entregou seu Filho
para reconciliar-nos com Ele" (IN. São João Crisóstomo.
Comentário às cartas de São Paulo aos Efecios). Deus deu-nos seus Filho sem pecado para morrer por
nós quando ainda éramos seus inimigos. Diz ainda São João Crisóstomo: que "Ao
que não tinha pecado, disse, Deus o fez expiar os nossos pecados. Mesmo que
Cristo não tivesse feito nada mais além de tornar-se homem, pensa, por favor,
quão agradecidos a Deus deveríamos estar por ter entregado seu Filho pela
salvação daqueles que lhe cobriram de injurias. Mas a verdade é que Ele fez
muito mais, e, como se fosse pouco, ainda permitiu que o ofendido fosse
crucificado pelos ofensores".(IN. São João Crisóstomo.
Comentário às cartas de São Paulo aos Efecios).
Viver segundo a verdade de Deus é adaptar a nossa
maneira de pensar, querer, sentir e agir à maneira de Jesus, pois ele é a
verdade. Não nos esqueçamos de que no cristianismo, a verdade não é
simplesmente um argumento, a verdade é uma pessoa: “Eu sou o caminho, a verdade
e a vida” (Jo 14,6). Viver conforme a verdade de Deus é pensar a própria vida
segundo o plano de Deus que se manifestou suficientemente no mistério da
Palavra de Deus que se encarnou para a nossa salvação.
Mas, como sabemos e experimentamos, não basta saber
essas coisas, é preciso lutar para propor-se seriamente o seguimento de
Jesus-Verdade. O ambiente no qual nos movemos oferece muitas atrações que não
nos conduzem a bom porto, que não nos levam pelo caminho da salvação. O pecado
frequentemente se assemelha a uma maçã que, estando podre por dentro,
apresenta-se com belíssimo aspecto, bem atraente aos sentidos. O que fazer?
Pedir a luz de Deus para vermos que tal fruta está podre, que não alimenta. O
Evangelho de hoje ressalta justamente isso: andar na luz, que é sinônimo de
andar na verdade.
O cristão tem que ser consciente de que sem a luz
da fé na inteligência e sem a caridade na vontade, não fará o bem que almeja.
Ninguém pode mover-se sobrenaturalmente sem a graça de Deus. É impossível! A
nossa natureza, depois do pecado original, ficou estragada (não totalmente),
posteriormente foi resgatada, e, contudo, nela permanece a ignorância e a
concupiscência. Essas duas realidades são as que obscurecem a nossa inteligência
e debilitam a nossa vontade. A fé vem para curar a ignorância e o amor de Deus
vem para dar força à nossa vontade.
Irmãos e Irmã que nossa quaresma não se reduza a
quarenta dias. Nos devemos continuar todos os dias a busca em agradar a Deus.
São Bernardo de Claraval nos afirma que não devemos esquecer que este pouquíssimo
tempo da quaresma não basta para lutarmos contra o mal e a infidelidade, pois
toda nossa vida tem como finalidade agradar a Deus. Chegará o momento em que
será impossível invocar-los (In São Bernardo. Sermões Litúrgicos Vol I ). Por, isso, o busquemos enquanto podemos.
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