sábado, 21 de fevereiro de 2015

Homilia do Pe. Fantico Borges para I semana da quaresma ano b.

Homilia do Pe. Fantico Borges para  I semana da quaresma ano b.

Fazei Penitência e Credes no Evangelho!

Neste tempo quaresmal Deus nos chama a conversão pelo caminho de penitência. Ele faz conosco uma aliança, ou seja, um pacto de fidelidade. Estabelece por meio desta aliança o sinal da santificação. Colocando um arco no céu como manifestação da sua vontade Ele conclui sua verdade. Este sinal é mais plenamente manifesto, quando Cristo, em sua vitória sobre a tentação, vislumbra com seu batismo e combate contra satanás no deserto, mostrando a força da graça de Deus. N´Ele a misericórdia de Deus é plenamente apresentada.
Assim, mortos nas águas batismais em Cristo somos nova criatura. A Igreja sinal da arca é o lugar onde encontramos a vida nova em Jesus. O batismo é a nova e definitiva aliança de Deus com a humanidade. Neste sentido, o batismo é um convite a conversão diária por meio da penitência.
 “Fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Essas palavras do Senhor mostram a conexão necessária entre a fé e a conversão, entre ser cristão e a mudança de vida à qual ele nos chama. O cristianismo é uma realidade que transforma todo o nosso ser, também a nossa maneira de pensar e de agir, a realidade cristã “nos faz a cabeça e o coração”. “Já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-lo” (São Cirilo de Jerusalém, Segunda Catequese Mistagógica sobre o Batismo, 2). Quem se aproxima de Deus se transforma numa criatura nova, pois assim como não é possível aproximar-se do sol sem se queimar ou entrar na água sem se molhar, tampouco é possível aproximar-se de Deus sem se transformar.
Como nos ensina São Leão Magno "nós, portanto, fomos instruídos pelo ensinamento divino, entrando cientes para a competição do presente combate, apóstolo Paulo: 'o nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contras os principados, contra as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal que povoam as regiões celestiais'." contra este tipo de inimigo demos que nos prevenir com a atenção voltada para o Senhor. Portanto, pode-vos de pé e cingi vossos rins com a verdade e revesti-vos com couraça da justiça e calçai os vossos pés com a preparação do Evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com os quais podereis extinguir os dardos inflamados do maligno.  
A transformação empreitada pela nova vida em Cristo deve levar o convertido a buscar a “medida alta da vida cristã”, que começa com uma vida de fé, na qual se insere necessariamente a mudança de mentalidade e de costumes daqueles que aderiram à Palavra de Deus e aos Sacramentos. Um dos aspectos da virtude sobrenatural da fé é o abandono em Deus, a confiança no Senhor, de tal maneira que ele passa a ser o nosso apoio, a nossa rocha; nele depositamos todo o nosso existir.
no itinerário da conversão  o 1º Domingo da Quaresma nos apresenta o mistério do jejum de Jesus no deserto, seguido das tentações (cf. Mc 1 ,12-15). tendo em conta que a quaresma é para nós um tempo forte de conversão e renovação em preparação à Páscoa. ele dever ser também o caminho de mudança interior.  É tempo de rasgar o coração e voltar ao Senhor. Tempo de retomar o caminho e de se abrir à graça do Senhor, que nos ama e nos socorre. É um tempo sagrado para aprofundar o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã. E nós somos convidados pelo Espírito ao DESERTO da Quaresma para nos fortalecer nas TENTAÇÕES, que freqüentemente tentam nos afastar dos planos de Deus.
No contexto da exegese bíblica no Evangelho a primeira vez que o demônio intervém na vida de Jesus, e faz isto abertamente. Põe à prova Nosso Senhor; talvez queira averiguar se chegou a hora do Messias. Jesus deixa-o agir para nos dar exemplo de humildade e para nos ensinar – diz São João Crisóstomo –, quis também ser conduzido ao deserto e ali travar combate com o demônio a fim de que os batizados, se depois do batismo sofrem maiores tentações, não se assustem com isso, como se fosse algo de inesperado. Se não contássemos com as tentações que temos de sofrer, abriríamos a porta a um grande inimigo: o desalento e a tristeza. Diz Santo Agostinho que, na sua passagem por este mundo nossa vida não pode escapar à prova da tentação, dado que nosso progresso se realiza pela prova. De fato, ninguém se conhece a si mesmo sem ser experimentado, e não pode ser coroado sem ter vencido, e não pode vencer, se não tiver combatido e não pode lutar se não encontrou o inimigo e as tentações.
Por isso, a existência do ser humano nesta terra é uma batalha contínua contra o mal. É esta luta contra o pecado, a exemplo de Cristo, que devemos intensificar nesta Quaresma; luta que constitui uma tarefa para a vida toda.
Na Quaresma somos todos chamados ao deserto, para um confronto conosco mesmos, com Deus e com o próximo e os bens materiais. Somos chamados a despojar-nos de nós mesmos para nos revestir de Deus. Em vista disso, afirma São João Crisóstomo: fazendo a experiência do deserto Deus nos chama pelo amor que existe em nós, posto pela sua graça na alma pura, ou pela lei inscritas com suas normas e exigências e ainda pela dor e pelo sofrimento. Para não desanimarmos ele nos oferece a couraça da simplicidade e justiça; o escudo da fé e a espada da Palavra. Com essas armas lutemos contra os poderes do mal que querem agir em nos.

 Boa Quaresma para todos!



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