quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A ORIGEM DA IGREJA

Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calmo, outras vezes turbulento e ameaçador. Há quase dois mil anos o barco saiu de seu porto. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.
A Igreja é um projeto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos, preparada na Antiga Aliança com Israel, instituída por Cristo Jesus. A Igreja é sinal visível do Reino de Deus misteriosamente presente no mundo. Por meio dela, a realidade prometida e cumprida em Jesus Cristo é antecipada, quer seja nos seus sacramentos, quer seja nas suas instituições. Essa Igreja inicia-se já com a pregação de Jesus: ela é querida por Jesus como continuadora de sua missão redentora. Ela foi dotada pelo Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos: nada poderá abalá-la. Edificada sobre Pedro e os demais apóstolos, é dirigida por seus legítimos sucessores: os bispos, presbíteros e diáconos.
Esta Igreja, querida e desejada, começa e cresce, como afirma São João, do sangue e da água que saíram do lado aberto do crucificado. Nela se conserva a comunhão eucarística, isto é, o dom da salvação oferecido por Jesus em nosso favor.
A Igreja é indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o próprio Deus nela habita, santificando-a por sua presença. Neste sentido, ela é santa, porque aquele que a criou, que é seu edifício é santo com o Pai e o Espírito Santo. O pecado dos fiéis não lhe pertence. Eles estão na Igreja, mas ela é santa na sua raiz. Só em sentido derivado e indireto se pode falar de "Igreja pecadora".
Em Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação" (Ad Gentes, n. 4). Ver, neste sentido, o sermão de Pedro em Jerusalém, narrado por Lucas em Atos dos apóstolos.
Esta assembleia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa-Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os apóstolos escolheram sete diáconos.
Filipe, um dos sete, evangelizou em Samaria (foi lá que Simão, o Mago, ofereceu dinheiro aos apóstolos Pedro e João em troca do Espírito Santo, donde o termo simonia - tráfico de coisas sagradas e de bens espirituais) e anunciou à Boa Nova a um etíope, funcionário da casa real de Candace.
Estevão era o diácono que mais se destacava. Por sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemador. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.
O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo.

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