terça-feira, 22 de novembro de 2011

FORMAÇÃO LITÚRGICA: ASPECTOS PRÁTICOS

1. Significado da palavra liturgia.

A palavra liturgia deriva da palavra leitourgia, derivado de leitourgos, composto de leiton (lugar dos negócios públicos, que vem de láos povo) e ergon, obra.

Liturgia é ato publico no qual se expressa o louvor da comunidade, ato composto de gesto pelos quais buscamos nos aproximar do santo e ser por ele transformado.

A liturgia é mais ação eclesial do que definição. A liturgia não se define se celebra. O grande ato sacerdotal de Cristo é o mistério pascal, com sua paixão, morte e ressurreição para a salvação de mundo. A vida da Igreja recebe força quando está associada ao mistério pascal.

2. O ano litúrgico

O ano litúrgico inicia-se no primeiro domingo do advento.
O ano litúrgico abrange dois ciclos: Natal e Páscoa. No primeiro ciclo compreende o advento preparação para a solenidade do Natal, Epifania e encerra com o batismo do Senhor.

Seguida do Batismo do Senhor começa uma série de domingos do tempo comum que vai até a proximidade da quarta feira de cinzas. Com a quarta feira de cinzas começa a quaresma que é a preparação para a páscoa.

Segundo ciclo do ano litúrgico inicia-se com a páscoa e vai até sábado à tarde, vésperas de Pentecostes.

Depois de Pentecostes recomeça outra série de domingos do tempo comum até o fim do ano litúrgico. As duas séries de domingos do tempo comum somam 34 domingos.

O ano litúrgico compreende 365 dias distribuídos da seguinte forma: o ciclo do Advento - Natal, aproximadamente 44 dias; A primeira parte do tempo comum, aproximadamente 43 dias; Quaresma-Páscoa 97 dias e a segunda parte do tempo comum aproximadamente 177 dias.

Toda missa dominical apresenta três leituras, mais o salmo responsorial: a primeira leitura, do Antigo Testamento (salvo no tempo pascal, em que se lê Atos dos Apóstolos); a segunda, das cartas dos apóstolos ou do Apocalipse; a terceira, do evangelho. Para que haja uma leitura mais variada e abundante da sagrada escritura, a Igreja propõe, para os domingos e festas, um ciclo de três anos: A, B, C. ao ano A corresponde as leituras de são Mateus; ano B, as leituras de são Marcos, mais o capitulo 6º de são João; ao ano C, as leituras de são Lucas. O evangelho de são João é geralmente proclamado nos tempos especiais (advento, quaresma, tempo pascal) e nas grandes festas.

3. As cores litúrgicas

As diferentes cores das vestes litúrgicas visam manifestar exatamente o caráter dos mistérios celebrados e também a consciência da vida cristã que progride no decorrer do ano litúrgico.

Em 1216, o Papa Inocêncio III estabeleceu normas sabre as cores fixando-as em cinco para a Igreja de Roma. Cada uma tem seu significado e ocasião própria:

1. BRANCO: É a cor da Páscoa. Simboliza a ressurreição, vitória, pureza e alegria. É a cor dos batizados. O branco é usado na páscoa, no Natal, nas Festas do Senhor, nas Festas de Nossa Senhora, exceto dos mártires.

2. VERMELHO: Lembra o fogo do Espírito Santo. Por isso é a cor de Pentecostes. Lembra também o sangue. É a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão.

3. VERDE: Todos sabem que o verde significa esperança. É usado nos domingos do tempo comum e nos dias de semana.

4. ROXO: É símbolo da penitência. É usado no tempo de advento e da quaresma, também pode ser usado nas missas e exéquias (mortos) e nas confissões.

5. PRETO: É a cor do luto. Hoje, pouco é usado na liturgia.

Estas são as cores oficias da liturgia. No entanto, um símbolo é útil apenas enquanto comunica seu significado sem necessidade de muitas explicações. No momento em que um símbolo provoca confusão e dúvida, perde sua utilidade. Isso aconteceu com cor-de-rosa. Esta cor é litúrgica, usada no terceiro domingo do advento e no quarto domingo da quaresma. Representa alegria, em meio a expectativa (advento) ou tristeza (quaresma). Mas no Brasil é uma cor que representa a feminilidade. Por isso muitos evitam usá-la.

A função do símbolo é simbolizar.


4. Comentarista, leitor e salmista

O comentarista é aquele que explica a assembléia o sentido dos ritos e dos textos em breves palavras. Evita improvisar e fazer pequena homilia antes das leituras. Deve ter qualidades de bom comunicador.

O comentarista pode ser comparado a João Batista. Ele prepara os caminhos. È humilde, simpático, atento, tem presença de espírito. Deve ser o mais breve possível. O melhor comentarista é aquele que comunica o máximo com o mínimo de palavras.
O comentarista deve ser o elo entre os diversos participantes de uma celebração. Ele pode anunciar os cânticos. Seus comentários devem ser como uma linha discreta e firme. È responsável pela unidade.

O comentarista deve saber que o canto de entrada não para receber o presidente nem a equipe de celebração. O canto de entrada é expressão de fé, da unidade, do sentido da celebração e da alegria dos irmãos que se encontram entre si e com o Pai. È canto de toda a assembléia. È um canto que acompanha o rito da procissão de entrada.

Ao leitor

O leitor é servidor, porta-voz, ponte entre Deus, Jesus Cristo e assembléia. Ele empresta sua voz para Deus, e fala ao povo reunido. Para isto devem observar algumas exigências:

· proclamar a palavra de forma convicta e serena;
· pronunciar bem cada palavra;
· respeitar o sentido das frases e das palavras;
· comunicar-se: olhar para o povo.

É interessante lembrar que; numa liturgia não se lê a palavra. A palavra na liturgia se faz para a comunidade, e por isso é proclamada. A assembléia tem o direito de escutar bem, de acompanhar e se enriquecer.

Ao salmista

O salmista deve ajudar o povo a dar uma resposta orante (rezar) a Deus.
O salmista não precisa dizer após cada verso: todos ou cantemos.
O salmista se cala durante a resposta da comunidade.
Se o refrão for muito longo resumir numa pequena frase.
Iniciar pronunciando bem o refrão.

5. O espaço litúrgico

Para organizar o espaço de nossas celebrações, em primeiro lugar devemos nos preocupar com o espaço da assembléia, lugar de reunião da comunidade. É importante lembrar que os objetos devam ser úteis, isto é, servir de alguma finalidade na dinâmica da celebração e serem ao mesmo tempo verdadeiros. O espaço deve ser despojado e simples. Ter cuidado para não poluir o espaço da celebração: tantas coisas, tantos objetos, folhagens, cartazes, fazendo perder o sentido do que realmente é importante. Ainda é importante que se temos uma cruz grande não precisamos ter outra sobre o altar.

Quatro elementos fundamentais do espaço litúrgico

Deus se comunica com a gente através de sinais sensíveis. Por isso, devemos considerar-los, porque nos ajudam a perceber a presença amorosa de Deus na celebração da divina liturgia.


O Presbitério
Distinto da nave encontra-se o presbitério. Chama-se presbitério devido àquele que preside a celebração: o presbítero que é o que oferece o sacrifício pelo povo, em favor do povo, a Deus. É o que fala com o Pai em nome da Assembléia santa que se reúne, é o que intercede pelo povo congregado em nome de Cristo. Por isso o presbítero é um sacerdote.
No presbitério encontram-se os instrumentais do culto que é o Memorial do Sacrifício de Jesus: a sédia, que é a cadeira de onde se preside à Assembléia; o ambão, que é a mesa da Palavra; o Altar, que é a mesa da Comunhão, onde se dá o Sacrifício redentor. Como o Altar, o Ambão e a Sédia representam o Cristo que se dá em Sacrifício, o Cristo que fala ao povo e o Cristo-cabeça da Assembléia de discípulos,
O altar

O altar é o centro da nossa fé cristã, é o lugar do sacrifício de Cristo, sua total entrega por nós confirmada pela ressurreição e o dom do Espírito Santo.

O simbolismo das toalhas que cobrem a mesa, as velas que ordem perto dele, os tapetes, as flores e a iluminação completam o quadro em que Cristo é altar, sacerdote e cordeiro. É sobre o altar que opera-se a maravilhosa mudança do pão no Corpo e, do vinho no Sangue do Senhor.

Na nossa tradição cristã o altar representa Cristo. Ele é a pedra angular que os pedreiros rejeitaram (cf. Sl 118,22).

A equipe cuide de dar importância ao altar na celebração. A tolha, por exemplo, deveria sempre evitar cobrir totalmente o altar. Nem cadeiras a frente do altar, a cadeira atrás do altar ou ao lado do altar. O Altar é espaço sagrado, e por isso mesmo, não deve estar nada mais que pão e vinho e o missal, quando necessário, pois é mesa da eucaristia.


A mesa da palavra

O mesmo cuidado devemos quando se trata da mesa da palavra (ambão). Seria interessante dar um realce especial a ela. Ela deve ser reservada para a liturgia da palavra. O comentarista e cantores devem usar algum outro tipo de estante que não seja a mesma para a proclamação da palavra.

Espaço da assembléia

O espaço da assembléia deve parecer como o espaço do Cristo enquanto corpo feito de muitos membros é um espaço para comunhão das cristãs e cristãos, dispostos a ouvirem atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a celebração da palavra e da eucaristia.

A cadeira da presidência

Na realidade, que preside a liturgia é Cristo, na pessoa da presidente da assembléia litúrgica. O sacerdote atua em nome de Cristo. Por isso ele preside, ele se senta diante de toda assembléia, como representante do verdadeiro presidente, mestre, que é o Senhor Jesus.

6. comunicação litúrgica

A liturgia é feito de sinais sensíveis que captamos mediantes os nossos cincos sentidos: tato, gosto, olfato, visão e audição. Cada um desses sentidos deve ser postos a serviço da celebração.

Tanto o olhar atento do presidente e dos leitores quanto de todos os membros da assembléia, devem ter expressão sincera do que as palavras dizem. Um olhar sereno, encorajador passará uma energia positiva a todos os participantes.

A audição é outro sentido que precisa ser valorizado na celebração: escutar os sons, a palavra de Deus proclamada e comentada. escutar também o silêncio.

O tato se expressa mediante o toque. A intensidade, o respeito, o modo como tocamos as pessoas e as coisas revelam o amor, o carinho que temos por elas, e indicam o nosso grau de compreensão celebrado na liturgia.

O gosto e o olfato são dois sentidos um pouco esquecidos nas celebrações. Na comunhão eucarística o paladar tem seu lugar. É necessário que o pão seja pão e o vinho seja vinho. Ainda não se consegui o modo conveniente para que nossas assembléia possam comungar também do vinho consagrado. Quanto ao olfato (cheirar), convém alargar o uso de plantas aromáticas, flores naturais. O incenso é símbolo das preces que os fies elevam ate Deus; dar referencia as pessoas e objetos. Por isso se costuma incensar o altar, o livro dos evangelhos, os ministros e toda a assembléia participantes.

7. Objetos destinados às celebrações litúrgicas.


Âmbula – recipiente para a conservação e distribuição das hóstias aos fiéis.
Aspersório – instrumento com que se joga água benta sobre o povo ou objetos.
Caldeirinha – vasilha onde se coloca água benta par aspersão das pessoas e de objetos.
Cálice - recipiente no qual se consagra o vinho durante a missa.
Candelabro – grande castiçal com ramificações, a cada uma das quais corresponde um foco de luz.
Castiçal – utensílio que serve de suporte para uma vela.
Círio pascal – vela grande que é benzida e solenemente introduzida na Igreja no inicio da vigília pascal; em seguida é colocada ao lado da mesa da palavra ou ao lado do altar. O círio permanece aceso durante as ações litúrgicas do tempo pascal (até a festa de Pentecostes). Em muitos lugares costuma-se colocar o círio fora do tempo pascal, junto a fonte batismal, acendendo-o em cada celebração batismal. O círio pascal aceso simboliza o Cristo ressuscitado.
Corporal – tecido em forma quadrangular sobre o qual se depõem o cálice com o vinho e a patena com a hóstia.
Sanguinho – é uma toalinha comprida semelhante a um lenço branco, dobrado coloca-se sobre o cálice, ficando suas pontas caídas para os dois lados. Serve para enxugar os lábios do sacerdote, para limpar o cálice, a patena e a âmbula.
Custódia – parte do ostensório onde se mostra a hóstia consagrada.

Galhetas – dois recipientes contendo respectivamente a água e o vinho para a celebração eucarística.
Hóstia – pedaço de pão não fermentado, usado na celebração eucarística, para a comunhão do padre.
Incenso – resina aromática extraída de varias plantas, para colocar sobre brasas nas celebrações.
Luneta – peça circular do ostensório onde coloca a hóstia consagrada para a exposição do Santíssimo.
Manustérgio – toalha com que o sacerdote enxuga as mãos, após lavá-las durante a missa.
Naveta – pequeno vaso onde se transporta o incenso nas ações litúrgicas.
Ostensório – objeto que serve para expor a hóstia consagrada à adoração dos fiéis e para dar benção eucarística.
Pala – cartão quadrado, revestido de pano para cobrir a patena e o cálice.
Patena – pequeno prato, geralmente de metal, para conter a hóstia durante a celebração da missa.
Partícula – pequeno pedaço de pão sem fermento, em geral e forma circular, que o padre consagra para a comunhão dos fiéis.
Reserva eucarística – partículas consagradas, guardadas no sacrário.
Teca – pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a eucaristia aos enfermos. É também usada na celebração eucarística para conter as partículas.
Turíbulo – vaso utilizado para as incensações durante a celebração.

8. Vestes litúrgicas ou paramentos

Casula – veste própria do sacerdote que preside a celebração. Espécie de manto que se veste sobre a estola. A casula obedece à cor litúrgica.
Cíngulo – cordão com o qual se prende a túnica ao redor da cintura.
Túnica – veste longa de cor branca usada nas ações litúrgicas.
Estola – veste litúrgica do sacerdote em forma de duas tiras, passa ao redor do pescoço e desce pela frente acompanhando o comprimento da túnica. Os diáconos usam a estola a tiracolo sobre o ombro esquerdo, pendendo-a do lado direito.
Véu umeral – manto que o sacerdote usa sobre os ombros, ao dar a benção do Santíssimo ou transportar o ostensório com o Santíssimo Sacramento.
Dalmática – veste própria do diácono. É colocada sobre a estola.

9. Livros litúrgicos

São livros que contem os ritos e os textos escritos para as celebrações.
Missal Romano – usado pelo sacerdote na celebração eucarística.
Lecionário dominical – compreende as leituras para as missas dos domingos e algumas solenidades.
Lecionário semanal – contém as leituras para os dias de semana de todo o ano litúrgico.
Lecionário santoral – contém as leituras para a missa próprio dos santos no decorre de todo o ano litúrgico.
Liturgia das horas.
Rito da confirmação.
Rito da iniciação cristã dos adultos.
Rito da penitencia.
Rito da unção dos enfermos e sua assistência pastoral.
Rito de exéquias.
Rito para o batismo de crianças.
Ritual de dedicação de Igreja de altar.
Ritual de bênçãos.
Ritual de ordenação de bispos, presbíteros e diáconos.
Ritual do matrimônio.

10. Preparando a celebração

No início da reunião de preparação da celebração, seria bom cantar algum canto ao Espírito Santo, (a nós descei; vem, Espírito Santo, vem...). e logo em seguida alguém pode fazer uma oração à luz do evangelho da celebração que será preparada.

Avaliar a celebração passada

Avaliar o nível da participação e de envolvimento de nossa a assembléia a parti da própria assembléia e, não partido da equipe.
A avaliação pode ser feita da seguinte forma: escalar alguém da equipe para estar no meio da assembléia para perceber a reação das pessoas. E no final conversar com alguém e colher depoimento sobre a celebração. Ou ainda fazer um questionário para avaliar a atuação da equipe de liturgia ou equipe de celebração.

Situar a celebração no tempo litúrgico e na vida da comunidade

Aqui vale lembrar que permanece a centralidade e do Mistério Pascal de Jesus, para toda e qualquer celebração. E relacionar o mistério com a vida cotidiana – páscoa de Cristo na páscoa da gente.

Experiência da palavra

Ler e meditar os textos bíblicos do dia à luz dos acontecimentos da vida e do mistério celebrado (cf.doc. 43 CNBB, n.224).

Usar a criatividade

Selecionar as idéias a respeito de ritos, de símbolos, de cantos; para os ritos de entrada, ato penitencial, gesto da paz e proclamações das leituras.

11. O culto litúrgico a Maria

· A solenidade da Imaculada Conceição; celebrada dia 8 de dezembro (séc. XV).
· Festa da Mãe de Deus, celebrada no dia 1º de janeiro (primeiros séculos do cristianismo).
· A visitação de Nossa Senhora, celebrada no dia 31 de maio (séc. XIV).
· Assunção de Maria, celebrada no dia 15 agosto ( séc.VII).
· Natividade de Nossa Senhora, celebrada no dia 8 de setembro (séc. V).










REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

- JOÃOZINHO, Pe. SCJ, Curso de liturgia, Ed. Loiyola. São Paulo,1995.
- EDUARDO, Luiz P. Baronto, SDB, preparando passo a passo a celebração, um método para as equipes de celebração das comunidades, Ed. 3ª, Edt. Paulus.
- MIGUEL,Pe. Luiz Eduardo, conheça mais para celebrar melhor, Ed. 4ª, Paulus.

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