segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MISSA DOS FIÉIS FALECIDOS: O SENTIDO DA MORTE




Irmão e irmãos, o Senhor dos exércitos, ele mesmo, vai eliminar para sempre a morte e enxugará as lagrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo (cf. Is 25,8). Essa promessa é para aqueles que confiam no poder de Deus. Para estes “os sofrimentos da vida presente não tem comparação alguma com a glória que se manifestará em nós”. (Rm 8,18). A morte é o dom de Deus derramo sobre nossa vida de sofrimento, pois com o pecado a vida humana, possuidora da imortalidade, sem a morte, tornar-se-ia um eterno suplicio. A morte vem assim por fim ao sofrimento desta vida e abrir-nos as portas definitivamente da graça. Para Santo Ambrosio: “A morte não era da natureza humana, mas converteu-se em natureza. No princípio, Deus não fez a morte, mas deu-a como remédio. Pela prevaricação, condenada ao trabalho de cada dia e ao gemido intolerável, era preciso dar fim aos males, para que a morte restituísse o que a vida perdera. Pois a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça”.
Fica claro que a morte não é um fim trágico, mas uma oportunidade que Deus nos oferece para entrarmos em plena comunhão com Ele. Essa certeza é mais visível quando lemos a doce consolação presente no livro da Sabedoria: “a vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento poderá atingi-los” (Sb3,1). Como lembra-nos Santo Anastácio de Antioquia: pela morte de Cristo somos ressuscitados e libertados da corrupção, não sofremos mais a morte, mas participamos da ressurreição de Cristo, como Cristo que participou da nossa morte.
Como nos apresentou para na segunda leitura: nós recebemos um Espírito de filhos, no qual nós clamamos Abá, ò Pai! Mas por enquanto estamos gemendo e aguardando a manifestação dos filhos de Deus. Até aguardamos na fé, ou seja, na vida presente. Por isso é necessário preparar-se, pois Deus virá numa hora que não sabemos. Assim, a vida do justo é o modo seguro para encontrar-se com deus. Quem não se prepara com uma vida reta, justa e fiel diante de Deus e dos irmãos a morte poderá significar um aniquilamento. Porém, a todos que crêem é dado a graça e a vida eterna. Pensemos assim, para o encontro definitivo devemos escolher a melhor veste, banhar-nos com o melhor perfume. Essa veste e esse perfume chamam-se caridade, amor ilimitado e incondicional, como bem demonstrou o texto do Evangelho de Mateus. O juízo será não de palavras, mas de obras: tive fome e me destes de comer...
O banquete eucarístico que devotamente celebramos já é sinal antecipado dessa vida novo que nos espera após nossa partida deste mundo. O ato celebrativo que hoje realizamos é ato memorial e sacramental das promessas salvífica. Memorial, pois lembra o evento pascal e as palavras do próprio Jesus Cristo: “vou preparar-vos um lugar e quando estiver preparado, voltarei e os levarei comigo, para que onde eu estiver estejais vos também”. Sacramental porque realiza no aqui e agora de nossa existência, de forma antecipada, tudo aquilo que na outra vida resplandecerá em plenitude.
Peçamos, pois, nesta celebração que o bom Deus, rico em misericórdia nos purifique no sangue de Cristo e pela força do Espírito santo todos os pecados de nossos irmãos falecidos, sejam perdoados. Amém!


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