quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Homília do domingo do Cristo Rei do universo



As leituras proposta pela liturgia de hoje nos ajudam a compreender a profunda natureza da realeza de Jesus Cristo. Jesus de Nazaré se apresenta como rei, mas seu reino não é deste mundo. Começa a ser construído aqui, mas não faz concorrência com os reinos da terra. Seu reino tem outras medidas e fundações, que transcendem os desejos e interesses puramente humano.
A solenidade de Cristo Rei do universo foi instituída pelo Papa Pio XI, em 1925. Neste período na sociedade efervescia uma onda de pensamento laicista que punho irrelevante o discurso sobre Deus. A solenidade, então, nasce num clima de conscientizar os cristãos acerca do destino último de cada fiel.
No calendário litúrgico pós-conciliar ligou-se a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo com o último domingo do ano litúrgico. Tal coincidência não é mero acaso. Ela representa uma caminhada litúrgica feita desde o advento, passando pelo mistério da vida e morte de Jesus até culminar na realeza de Jesus Cristo. Nesta celebração se coloca em relevo a verdade da fé que queremos manifestar e o mistério que queremos viver em toda dimensão da história, passando por cada etapa do tempo humano, e abrindo-se ao mesmo tempo, a perspectiva de um novo céu e de uma nova terra (Apoc. 21, 1). Essa liturgia quer lembra-nos que Cristo é o nosso rei e como tal ele quer súditos fiéis, obedientes e dedicados.
O reino do qual Cristo fala a Pilatos não pode ser encarado como algo totalmente alheio ao mundo presente. Na verdade, devemos admitir que o Reino de Cristo, graças ao qual se abrem diante do homem as perspectivas extraterrestres, as perspectivas da eternidade, forma-se no mundo e no tempo. Portanto, forma-se no próprio homem através do testemunho da verdade (Jo 18, 37); que Cristo deu naquele momento dramático da sua Missão messiânica: perante Pilatos, perante a morte na cruz, pedia ao juiz pelos seus acusadores. Portanto, a nossa atenção deve incidir não apenas sobre o momento litúrgico da solenidade de hoje, mas também sobre a surpreendente síntese de verdade que esta solenidade exprime e proclama: que todos aceitem fazer próprio o testemunho de Cristo Rei e procurem abrir lugar ao seu Reino nos seus corações e difundi-lo entre os homens.
Jesus é rei porque é o único mediador da salvação de toda a criação. Nele todas as coisas encontram seu acabamento, tudo se firma e tudo cresce. Nele Deus continua a criar e recriar, chamando o ser humano a participar de sua vida divina. Esse desígnio de amor só se realiza no envio do Homem-Deus, porque só ele é capaz de unir a humanidade ao mistério de Deus. Neste sentido Jesus é o primogênito de toda criatura; ele é o alfa e ômega. Sem ele nós perdemos e não encontramos o caminho para a felicidade. Ele é a nossa alegria!
A visão noturna de Daniel aponta para essa vinda triunfante daquele que tem o poder de santificar e consagrar. Somente a Cristo foi lhe dado poder e realeza; e somente a ele todos os povos e línguas o serviram e o louvaram, pois ele é o rei, de um reino que não tem fim. Esse reino já desponta no nosso meio como inicio e figura do reino escatológico definitivo. É isso que autoriza-nos a cada liturgia pedimos que venha o reino de Deus sobre a terra.
Mas Deus reinará em cada um à medida que formos santos e obedientes. Por isso dizia Orígenes: “então o reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que fio dito pelo apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (Jo 14, 23)” . E por isso rezamos que santificado seja o teu reino que vem anos! Com relação ao reino temos que lembrar novamente Orígenes que afirma que não há participação justiça com a iniqüidade, nem sociedade de luz com as trevas, nem salvação onde reina o pecado. Portanto, o reino de Deus não pode subsistir juntamente com o reino de pecado .
Por conseguinte, se quisermos que Jesus reine em nós, de modo algum pode nos dominar o pecado. Por isso diz Paulo: mortificai vossos corpos mortais (Cl 3,5), a fim de produzirdes frutos para a vida eterna. Isso somente pode acontecer quando cada um de nós destruirmos em si os inimigos do reino de Jesus. São Cipriano de Cartago falava que o maior fruto deixado por Cristo ao mundo é a paz que vem do seu coração . Assim, enquanto existir rivalidade e violência é sinal de que Cristo não reina naquele lugar! O mundo de pecado que reina em muitos corações constitui a causa que impede a manifestação do Cristo rei no mundo.

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