domingo, 26 de novembro de 2017

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – Solenidade de Cristo Rei.

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – Solenidade de Cristo Rei.

Viva o Rei Jesus!
Com esta solenidade de Cristo, Rei do Universo, encerramos o Ano Litúrgico de 2017. No próximo domingo, dia 03 de dezembro, será o primeiro domingo do Advento, um novo Ano Litúrgico, início da preparação para o Natal. Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e Ascensão sejam também festas de Cristo Rei e Senhor de todas as coisas criadas, a festa de hoje foi especialmente instituída para nos mostrar Jesus como único soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus. Nosso Rei não estar montado num trono de ouro, nem ornamentado com joias de prata ou pérolas preciosas. Nosso Rei estar erguido num madeiro, laudado por dois ladrões. Mas é nessa imagem kenótica que está o esplendor da glória de Deus. “Adoramos, Senhor, tua cruz, na qual está depositada toda a nossa esperança de salvar-nos, porque será ela que dá aos nossos corpos a imortalidade e a claridade.” (Santo Efrém, canto fúnebre, 42)    
Jesus veio ao mundo para buscar e salvar o que estava perdido; veio em busca dos homens dispersos e afastados de Deus pelo pecado. E como estavam feridos e doentes, curou-os e vedou-lhes as feridas. Tanto os amou que deu a vida por eles. Como Rei, vem para revelar o amor de Deus, para ser o Mediador da Nova Aliança, o Redentor do homem. No Prefácio da Missa fala-se de Jesus que ofereceu ao Pai “um reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de justiça, de amor e de paz”. Se tomarmos a liturgia da leitura de Ezequiel Deus é o bom pastor que cuida e protege seu rebanho. Vem para tomar conta da ovelha desgarrada, procurar aquela que se perdeu, enfaixar a perna quebrada, fortalecer a doente, resgatar de todo mal caminho a ovelha perdida, fazer repousar aquela que se fadigou e vigiar a ovelha gorda. Ao contrario do velho Adão, que trouxe a morte, Cristo novo Adão trouxe vida e esperança.
Assim é o Reino de Cristo, do qual somos chamados a participar e que somos convidados a dilatar mediante um apostolado fecundo que subsiste no senhorio de Cristo no coração dos fiéis. O fim será o triunfo de jesus que tudo entregará ao Pai no Espírito Santo.
O Senhor deve estar presente nos nossos familiares, amigos, vizinhos companheiros de trabalho… Perante os que reduzem a religião a um cúmulo de negações, ou se conformam com um catolicismo de meias-tintas; perante os que querem por o Senhor de cara contra a parede, ou colocá-Lo num canto da alma…, temos de afirmar, com as nossas palavras e com as nossas obras, que aspiramos a fazer de Cristo um autêntico Rei de todos os corações…, também dos deles. O Deus cujo evangelho anuncia não é passivo, mas toma a peito a paixão pelo ser humano a ponto de afirmar que tudo feito aos pequeninos deste mundo é a Ele que o fazemos. Deus se coloca no lugar da criatura de tal forma que o bem feito a Deus é atribuídos como aqueles dispensados aos pobres e necessitado. Deus está presente naqueles que sofrem e se identifica com eles. Todo isso, me faz crer “que esta descrição tão detalhada daquele juízo, que parece um quadro vivo, não tem outra finalidade que inculcar-nos a beneficência e induzir-nos a praticar a benevolência. Nela vai registrada a vida. Ela é a mãe dos pobres, a mestra dos ricos, a bondosa nutriz de seus pupilos, a protetora dos anciãos, a despensa dos necessitados, o porto comum dos miseráveis, a que assiste a todas as idades, a que atende em todas as aflições e calamidades” São (Gregório de Nissa Sermão sobre o amor aos pobres).  
Disse o Papa São João Paulo II: “A Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que nasce toda a autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do seguimento cristão, uma re-atualização vital e fecunda do cristianismo com as necessidades dos homens, uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das nações”.
A atitude do cristão não pode ser de mera passividade em relação ao reinado de Cristo no mundo. Nós desejamos ardentemente esse reinado. É necessário que Cristo reine em primeiro lugar na nossa inteligência, mediante o conhecimento da sua doutrina e o acatamento amoroso dessas verdades reveladas. É necessário que reine na nossa vontade, para que se identifique cada vez mais plenamente com a vontade divina. É necessário que reine no nosso coração, para que nenhum amor se anteponha ao amor de Deus. É necessário que reine no nosso corpo, templo do Espírito Santo; no nosso trabalho profissional, caminho de santidade… Convém que Ele reine!”(Papa Pio XI).
Cristo é um Rei que recebeu todo o poder no Céu e na terra, e governa sendo manso e humilde de coração, servindo a todos, porque não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para a redenção de muitos.
O Evangelho (Lc 23, 35-43) apresenta o Rei no trono da Cruz; Cristo não aparece sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos na cabeça, com uma irônica inscrição pregada na cruz: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”.
A cruz é o trono, em que se manifesta plenamente a realeza de Jesus, que é perdão e vida plena para todos. A cruz é a expressão máxima de uma vida feita Amor e Entrega. Na oração do Pai Nosso Jesus no ensina a pedir: “Venha a nós o vosso Reino”. Jesus nos convida a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino chegue ao coração de todos. Por isso celebramos hoje o DIA DO LEIGO cuja missão é a de ser “protagonista da Evangelização” (Conferencia de Santo Domingo). O leigo, ou seja, todo aquele que tendo sido regenerado na água batismal como fermento no mundo, através de suas ações dá sabor divino às realidades terrenas. São “homens e mulheres no coração do mundo, e mulheres e homens do mundo no coração da Igreja” (Aparecida, 209). Por isto, se queremos transformar o mundo com a presença santificadora do Evangelho de Jesus Cristo, precisamos trabalhar, cada vez mais, em nossas comunidades para viver a doutrina cristã e os valores evangélicos, para que assim, como discípulos missionários, unido a Cristo Rei do Universo se coloque à serviço da comunidade, partilhando seus dons, tornando-se uma oferenda agradável a Deus Pai.
Que Maria, a Mãe santa do nosso Rei, Rainha do nosso coração, cuide de nós como só Ela o sabe fazer.


Pe. Fantico Borges, CM 

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