Homilia
do Pe. Fantico Borges, CM – IV Domingo do Advento (Ano B)
E Verbo carne se fez!
Com
esta liturgia do IV domingo do advento entramos no final desde curto tempo
litúrgico. No centro desta liturgia está a figura de Maria. O menino que vai
nascer é Filho de Deus, o Emanuel Deus conosco. Neste domingo ele já se faz
presente, ainda de modo velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por
obra do Espírito Santo (cf. Lc.1,26-38)
A
leitura do Evangelho de Lucas que escutamos neste domingo nos recorda o
prelúdio de nossa redenção, quando Deus enviou o Arcanjo Gabriel à Virgem Maria
para comunicar-lhe o novo nascimento, na carne, do Filho de Deus, e por quem,
deposta a antiga culpa, possamos ser renovados e contados entre os filhos do
altíssimo.
Ao descrever
a encarnação do Verbo de Deus, o evangelista Lucas demonstra que este menino é
verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão, ou seja, é totalmente homem.
Ao narrar a concepção de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito
Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar a gravidez
inesperada de Isabel declara o poder daquele que há vir, o Salvador prometido
pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
O Anjo
Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um homem chamado José, e a virgem se chamava Maria. Virgem
desposada, ou seja, ainda não casada. Isso prova que Maria era virgem e que não
havia vivido com José. Mas, ao mesmo tempo, o evangelista também quer dizer que
Jesus tem uma estirpe, isto é, uma tribo, uma origem e uma família, a de Davi.
Ele não cai de paraquedas na história humana, mas entrelaçado na linhagem desde
Adão até José e Maria.
O anjo,
estando na presença de Maria dirá: Conceberás
em teu ventre e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será
grande, se chamará Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu
pai Davi (Cf: Lc, 1, 31-32). Chama
de pai a Davi e o reino o Israel, nisto consiste que ele reinará sobre seu
povo, isto é, o povo de Deus, os cristãos que em seu nome colocam as suas
esperanças e sonhos.
Daqui
a pouco veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma prova da
misericórdia e do amor de Deus. Neste tempo venturoso de Natal, tudo rende
graças a Deus! Estar diante dEle; contemplá-lo na manjedoura, dobrar o joelho
em agradecimento por tudo que vivemos este ano, que estar terminando, não há
nada mais importante a ser feito. Quanto mais contemplamos e subindo ao cimo do
seu amor mais emudecemos e silenciamos no seu mistério. Não se precisará de
palavras. Não se dirá mais nada, mas só o estar aí diante dEle. Ele é o Deus
amando-me. E se Deus se faz homem e me ama como não procurá-Lo? Como perder a
esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos de nosso coração
todo possível desalento, toda tristeza. Que as dificuldades exteriores e a
nossa miséria pessoal não tirem a alegria diante do Natal que se aproxima.
Levanta
tu que dormes; esperta do sono do pecado, e, tua alma vem contemplar no
presépio Aquele que os profetas predisseram; que a Virgem esperou com amor de
mãe; que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Deste
presépio em Belém Deus quer nascer em tua casa. Que tua casa sejas Belém e teu
coração a manjedoura, onde o menino nascerá. Olhas para a gruta de Belém, em
vigilante espera, e compreendes que somente com Ele poderás aproximar-te
confiadamente de Deus Pai.
Por
ocasião do Natal, onde preparamos a casa para receber os amigos e familiares,
decoramos a arvore de natal e enchemo-la de presentes, não falte no centro de
tudo isso uma imagem de Jesus menino, nem uma oração profunda de gratidão a
Deus. Lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na
vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos
bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a
alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já
conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para
nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o
nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência
ao nosso Criador e Salvador.
Que Deus nasça em cada coração e que
com Virgem Maria sejamos benditos e benditas de Deus. Feliz natal
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