segunda-feira, 4 de maio de 2015

Homilia do Pe. Fantico Borges – V Domingo de Páscoa – Ano B

Homilia do Pe. Fantico Borges – V Domingo de Páscoa – Ano B

A liturgia deste domingo nos leva a entrever a imagem da árvore. Essa analogia nos remete a visão da unidade que o cristão necessita manter com Cristo. " Sem mim nada podeis fazer", diz o Senhor. Jesus se apresenta como a “videira verdadeira”, capaz de produzir frutos que Israel não produziu, porque se afastou de Deus.
Jesus é o tronco e nós somos os ramos! O ramo que não der frutos é cortado e lançado ao fogo. O ramo que dá frutos é podado para que dê mais frutos. Jesus convida os apóstolos a permanecerem n’Ele:” permanecei em Mim, como Eu em vós”. Como o tronco da videira transmite a vida aos ramos e os ramos são vivificados quando permanecem ligados ao tronco, assim se dá com Cristo e os cristãos. Os ramos assim ligados ao tronco é que produzem fruto. Para produzir frutos, os ramos precisam de seiva da videira e da poda.
Precisa da seiva da videira, que é Cristo, pois “sem Mim nada podeis fazer”. O texto fala oito vezes em “permanecer em Cristo” e sete vezes em “dar frutos”. Se não permanecermos unidos a Cristo, recebendo essa seiva, nos tornaremos ramos secos e estéreis, que serão cortados e lançados ao fogo. Os nossos trabalhos pastorais não serão eficazes se não houver a seiva dessa videira e o contato com Jesus, através da Oração.
Só unidos ao tronco podem viver e frutificar os ramos; do mesmo modo, só permanecendo unido a Cristo pode o cristão viver na graça e no amor e produzir frutos de santidade. Isto manifesta a impossibilidade do homem em tudo o que se relaciona com a vida sobrenatural e a necessidade da sua total dependência de Cristo; mas manifesta também a vontade positiva de Cristo de fazer com que o homem viva a Sua própria vida. Neste sentido, a  missão é a de imitação de Cristo. Para Orígenes, padre da Patrística, a única coisa da qual é capaz a natureza humana é morrer de uma morte semelhante a de Cristo. Se não formos incorporados a sua morte, a seu corpo não produziremos frutos. "Se nossa existência está unida a Ele em uma morte semelhante a sua, igualmente em uma comum ressurreição. Compreendamos que nossa velha condição foi crucificada com Cristo, ficando destruída nossa personalidade de pecadores e nós, livres da escravidão do pecado; porque aquele que morre permanece absolvido do pecado" (Orígenes, Comentário à Carta aos Romanos 5, 9). 
Quem não está unido a Cristo por meio da graça terá, o mesmo destino que as varas secas: o fogo. Diz Santo Agostinho:”os ramos da videira são do mais desprezível se não estão unidos ao tronco; e do mais nobre se o estão(…) Se se cortam não servem de nada nem para o vinhateiro nem para o carpinteiro. Para os ramos há duas opções: ou a videira ou o fogo: para não irem para o fogo, que estejam unidos à videira” (Santo Agostinho, Tratado sobre São João 81, 3-4 ).

Estejamos atentos! O Senhor nos faz um apelo:”produzir frutos…”. Porém impõe uma condição: “permanecer unido a Ele”. Para isso precisa: gastar tempo com Ele! Nenhum trabalho, mesmo pastoral, justifica o abandono do encontro pessoal com Cristo, na Oração. Jesus nos adverte:”sem mim nada podeis fazer”. Devemos antes falar com Deus… para depois falar de Deus… Alimentar a nossa espiritualidade com esta “seiva divina”, que é a graça de Deus, na escuta da Palavra, na pratica sacramental… Dizia o Papa São João Paulo II:”A oração é para mim a primeira tarefa, como o primeiro anúncio; é a primeira condição de meu serviço à igreja e ao mundo”. Intensifiquemos a nossa vida de oração, pois sem uma profunda relação de amor com Jesus seremos um sal que não dá sabor, uma comunidade cristã estéril, sem alegria e sem vida.

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