domingo, 1 de abril de 2018

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – Domingo de Páscoa Ano B.


Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – Domingo de Páscoa Ano B.

Cristo está vivo Ele ressuscitou!

“A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem consiste em ver a Deus”. Com estas palavras Santo Irineu de Lyon faz refletir sobre a realidade da solenidade pascal: Cristo está vivo, o Senhor ressuscitou aleluia!
A essência do Cristianismo é que Jesus é revelador do Pai. Em Cristo Deus alcança a máxima expressão de revelação como Deus e Senhor, Pai Criador e Deus Libertador. Cristo fala não somente com palavras, mas com todo o seu ser. Tudo o que ele é, é revelação do Pai. Então é na ressurreição que o conceito de revelação alcança toda a sua plenitude. Deus em Cristo revela-se o senhor da vida!
Hoje, neste domingo de Páscoa, o Cristo glorioso manifesta de maneira excelente o seu ser e, desse modo, nos está revelando plenamente o poder do Pai nele e o quanto ele pode no Pai. Cristo se manifesta e a sua auto-manifestação é, para nós, e ao mesmo tempo revelação de Deus numa plenitude sem precedentes. Por outro lado, é também revelação da humanidade glorificada em Jesus na sua novidade mais radical.
A Liturgia Pascal lembra, na primeira leitura, um dos mais comoventes discursos de Pedro sobre a Ressurreição de Jesus: “Deus O ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se… às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos” (At 10,40-41). Surge nestas palavras a vibrante emoção do chefe dos Apóstolos pelos grandes acontecimentos de que foi testemunha, pela intimidade com Cristo ressuscitado, sentando-se à mesma mesa, comendo e bebendo com Ele.
A Ressurreição é a grande luz para todo o mundo: “Eu sou a luz” (Jo 8,10), dissera Jesus; luz para o mundo, para cada época da história, para cada sociedade, para cada homem. A ressurreição que revela o Pai misericordioso e amante da vida, tornado-se uma lâmpada de Deus que rompe as trevas da consciência humana pervertida.
No evangelho (Jo 20,1-9) vemos que a Boa Nova da Ressurreição provocou, num primeiro momento, um temor e espanto tão fortes, que as mulheres “saíram e fugiram do túmulo… e não disseram nada a ninguém, porque tinham medo”. Entre elas, porém encontrava-se Maria Madalena que viu a pedra retirada do túmulo e correu a dar a notícia a Pedro e ao discípulo amado: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde O colocaram” (Jo 20,2). “Os dois saem correndo para o sepulcro e, entrando no túmulo, observaram as faixas que estavam no chão e o lençol…” (Jo 20,6-7). “Ele viu e acreditou” (Jo 20,8).  Primeiro é emocionante a narrativa da cena. Aqueles dois discípulos correndo até o túmulo em meio a lagrimas de tristeza pela morte do Senhor e da alegria do túmulo vazio. Mas está cena ainda transmite outra mensagem: o respeito do discípulo mais jovem com Pedro. Ele chega primeiro, mas não entra. Espera Pedro porque é Simão quem devia ver primeiro e dar o parecer de autoridade. Os dois entram e ao ver acreditam. Acreditar é o primeiro ato de fé da igreja nascente em Cristo Ressuscitado, originado pela solicitude de uma mulher e pelos sinais do lençol, das faixas de linho, no sepulcro vazio. Se se tratasse de um roubo, quem se teria preocupado em despir o cadáver e colocar o lençol com tanto cuidado? Deus serve-se de coisas bem simples para iluminar os discípulos que “ainda não tinham entendido a Escritura, segunda a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9), nem compreendiam ainda o que o próprio Jesus tinha predito acerca da Sua ressurreição. Que emoção tiveram os discípulos! Crer é um ato de confiança e amor. Quem ama corre rápido para encontrar o amado. Não perde tempo, quer ficar  mais tempo possível com o amado.
A partir deste momento os discípulos estavam mais confiantes. Ainda haveria de  acontecer outras manifestações da ressurreição, mas tudo começava ali em ver e acreditar. A ressurreição é uma realidade, porém, Deus quer livremente ser amado e adorado. Para muitos a pedra ainda está fechando a porta do túmulo, outros ainda procuram entre os mortos aquele que está vivo.
Por isso, a pergunta é pertinente: o que significa ressuscitar em Cristo? Viver a vida nova do Mestre. São Paulo nos ajuda a responder isso. “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima...”  Isto significa que devemos realizar as tarefas humanas pensando nas realidade do céu. Viver a vida nova do Ressuscitado é seguir os passos de Jesus, ou seja, amar os irmãos e irmãs com justiça, paz e solidariedade. Fazer o bem sem esperar nada em troca, viver na gratuidade e generosidade presentes sempre na vida de Jesus. Peçamos ao Cristo nossa luz, revelador do Pai das misericórdias que nos ilumine a consciência de filhos de Deus e coerdeiro da vida divina, para agirmos como ressuscitados.

Pe. Fantico Borges, CM


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

Homilia do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C) Um homem vem a Jesus pedindo que diga ao irmão que reparta consigo a herança. Depois ...