quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

VIRTUDES TEOLOGAIS

O sujeito da Virtude:
· é a pessoa com as potencias, através da qual agi livremente (vontade, liberdade e consciência no controle das paixões)
divisões da Virtudes:
· virtudes naturais ou adquiridas: é a semina virtutum que o criador colocou na natureza de cada ser humano
· virtudes intelectuais: aperfeiçoam o homem enquanto conhecimento da verdade, e podem ser especulativa ou prática: entendimento, sabedoria, ciência, prudência e arte
· virtudes morais: aperfeiçoam o homem para agir retamente em vista do bem: prudência, a justiça, fortaleza e a temperança.
· Virtudes sobrenaturais ou infusas: são dons da graça que Deus livremente oferece a cada ser humano para agir em ordem ao seu fim sobrenatural.
Multiplicidade das virtudes por seu objeto:
Existem múltiplas virtudes, porque cada uma delas têm uma função específica. Portanto, as naturais agem no comportamento para levar o indivíduo a ser cada vez mais humano. As intelectuais levam o indivíduo a discernir sobre a verdade e a buscá-lo como bem supremo. As morais indicam o caminho do reto relacionamento com Deus, fim último de cada pessoa. Por fim, as sobrenaturais são dons infundidos no coração humano que o capacita a compreender e estar em constante relação filial com Deus. (ver Trento VI sessão sobre a justificação; DZ 799)
Classificação do esquema das virtudes
Este tema requer muita atenção, pois estão em jogo uma série de questionamentos 1) a relação entre moral específica e a sua configuração segundo as obrigações e preceitos ou segundo uma vida virtuosa; 2) a recuperação entre a moral e a espiritualidade; 3) a relação entre as virtudes e as normas em uma ética da pessoa e não de seus atos, que traz consigo o debate entre natureza e graça.
Em Aristóteles:
A virtude se apóia na dialética potência x ato aplicados na conduta humana. Para ele todo dinamismo vital se estrutura em base no duplo princípio: cognoscitivo e apetitivo, o qual conduz o ser humano à perfeição. Neste sentido a natureza para Aristóteles não só delimita a essência de cada coisas, senão que, às vezes, é concebida como energia ou princípio de operação que a anima. Assim, a virtude apresenta-se como apetite-cognitivo regulador das paixões. Em outras palavras é o modo com o qual a razão não decai de seu reto juízo. Graças a ela o principio cognitivo do homem, i é, a razão capaz de pensamentos (dianosis) e de propósitos deliberados (proáresis) se articulam com o apetite humano em sua tríplices modalidade: vontade, impulso agressivo e desejos de prazer. Para Aristóteles há três virtudes que regulam os apetites: a vontade é regulada pela justiça; o impulso agressivo pela fortaleza; o desejo de prazer pela temperança. Todas essas virtudes são aperfeiçoadas pela prudência, que significa a justa medida com que a razão comensura os apetites. Esse bem ético para Aristóteles encontra seu ajuste maior na vivência social, i. é, na polis.
Na Tradição Judeu-cristã:
No AT a virtude apresenta-se com diversas figura: a virtude está ligada a força, a potencia, a sabedoria, paciência, a penitência, obediência, a misericórdia, agradecimento, a perseverança, a fortaleza, o temor de Deus e o amor ao próximo. Tudo isso identificava-se com o ideal de homem justo, e portanto, virtuoso. O cristianismo enriquece esse contexto incluindo outras virtudes como a humildade, a castidade, a mansidão, o amor pela cruz, a docilidade, a modéstia, submissão, a esperança e a paz. Na visão cristã do homem virtuoso está o ideal da caridade como fundamento último de toda virtude. É a partir deste ponto que os santos padres formulam sua doutrina das virtudes. A idéia do império da caridade sobre todas as virtudes e o papel atribuído a humildade.
Em Santo Tomas de Aquino
Para Santo Tomás de Aquino, a virtude é um dos princípios interiores pelo qual o homem move até Deus e alcança sua própria perfeição. A moral para ele se estrutura em base das diversas virtudes, unidas aos dons e frutos do espírito e a percepção da lei das bem-aventuranças correspondentes. Para Tomás de Aquino as virtudes formam um organismo vivo, no qual a caridade é precedente. Assim, as virtudes desenvolvem a semina virtutum pela qual a lei eterna se encontra enraizada no coração humano.

As virtudes humanas ou adquiridas
Elas nascem da atividade humana como repetição de atos bons. Assim, ela nasce de atos livres por meio do exercício.portanto não é teoria, mas a prática constante de atos justos, retos e honestos. As virtudes humanas ou adquiridas classificam-se em: intelectuais e morais.
As intelectuais são: virtudes que visão a perfeição do homem no conhecimento da verdade, a saber, intellectus principiorum, ou hábitos dos primeiros princípios: sabedoria, ciência, prudência e arte. Esses princípios primeiros são hábitos que aperfeiçoam a inteligência no conhecimento dos primeiros princípios do real: é arché fundante da capacidade de reconhecer a verdade buscada. Uma espécie de pré-reflexão. é uma espécie de guia do nosso saber como luz em busca da verdade.
A sabedoria: é o hábito que leva a conhecer as causas últimas, a conhecer a Deus como causa primeira e estar em relação com ele. É próprio do sábio ver a Deus como arché e tudo e buscá-lo como tal. A sabedoria é uma virtude moral e implica na perfeição do apetite da vontade. (Dt 4,6; 29,9; Sb 6,13-16; Lc 21, 11; Rm 11, 33)
A ciência: é a virtude pela qual se aperfeiçoa o entendimento para conhecer as coisas em razão de suas causas particulares.
A Prudência: a virtude que aperfeiçoa a inteligência no conhecimento da dimensão ética dos atos humanos.
A arte: é a virtude pela qual se aperfeiçoa o entendimento para que conheça o modo de realizar o bem em harmonia com seu fim.
As virtudes humanas ou cardeais: são aquelas que aperfeiçoam o homem na prática do bem moral próprios de sua natureza humana (prudência, fortaleza, justiça temperança). Para Agostinho as virtudes morais são uma boa qualidade do espírito, pela qual se vive retamente e nada se faz de mal. (livre Arbítrio, II, 19) As virtudes marais estão unidas de tal forma que a prática de uma é a vivencia das demais e vice-versa. Não se pode praticar o bem se prudência, nem agir retamente sem a justiça, sem vencer com fortaleza as dificuldades sem a prática da temperança. Outras virtudes ancoradas nas cardeais: humildade, o amor da amizade, solidariedade, penitência,
A justiça: sustenta a humildade e o amor da amizade a Deus. Pela justiça dar a cada um aquilo que é seu. Aqui se afirma a justiça social, a solidariedade e a fraternidade.
A fortaleza: é a virtude que nos impulsiona a agir bem e a perseverar na perfeição mesmo diante de dificuldades. Pela fortaleza o homem aprende a suportar com persistência a busca da verdade e do amor a Deus.
A temperança: é a virtude que modera o amor aos bens terrenos e nos ajuda a colocar nossa atenção nos bens espirituais como fundamento primeiro. Por isso, dentro da temperança entra a continência, a modéstia, sobriedade, a pobreza, a clemência e a mansidão. Disto surge a convicção de que a temperança é uma virtude profundamente apostólica.
A conexão entre as virtudes humanas e as Teologais
A estruturação das virtudes em humanas ou adquiridas e teologais ou infusas não representa uma tensão de organismos autônomos e superpostos – natureza e graça – mas há um entrelaçamento destas energias naturais e sobrenaturais em constante desenvolvimento. Toda virtude moral encontra sua fundamentação última nas virtudes teologias e toda virtude teologal se manifesta nas atitudes humanas. Assim, uma vida verdadeiramente virtuosa pressupõem a posse de todas as virtudes. Todavia, as virtudes humanas ou adquiridas tendem a perfeição e não se perde, porque são impressas na natureza, já as teologias são dons de Deus que o não exercício sério dela podem levar-nos a perdê-las.
As virtudes teologais: levam a conhecimento do amor de Deus em sua intimidade. Por elas o homem se une a Deus em sua vida íntima. É por meio delas que nasce e cresce a vida cristã: como filhos de Deus vivemos sobriamente revestido de fé, esperança e caridade (1Ts 5,8) citar pág. 450 1º parágrafo.
As virtudes e o dom da graça: O dom da graça leva o cristão a agir impulsionado pelo sentido divino a fazer todas as suas tarefas humana em vista da bem-aventurança. A existência das virtudes morais elevada pela graça é uma doutrina comum tanto aos santos padres como aos teólogos é a analogia em uma ordem natural e uma ordem sobrenatural presentes na vida cristã. Por isso que toda ação cristã tende a caminhar para a eterna bem-aventurança através do seu agir livre ocasionado pela trato amoroso com a trindade. A vida cristã virtuosa é uma autêntica busca da vivência do amor trinitário.

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