domingo, 16 de junho de 2019

HOMÍLIA DO PE. FANTICO BORGES, CM – SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE


HOMÍLIA DO PE. FANTICO BORGES, CM –  SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Trindade a comunidade de Amor

Após termos o mistério da vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos outro mistério central de nossa fé: a Santíssima Trindade. Toda a vida da Igreja está impregnada desta realidade Trinitária. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir da criação, da humanidade, da Igreja e de toda a realidade.
O mistério da Santíssima Trindade é manifesto desde o principio, mas se plenifica na pessoa do Filho que se encarna. É Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Cf. Jo16, 12-15). Assim podemos dizer que há característica mais intima da realidade divina de Deus é a comunhão das pessoas divinas: Pai, Filho e Espirito Santo. Santo Tomas de Aquino falava da perfeitíssima pericorese entre as pessoas da Trindade, de modo que, são distintas, porém não indiferentes. Há uma unidade principiada no amor dos três. Essa comunidade, portanto, é a manifestação do amor em sua máxima relação.
O mistério da Santíssima Trindade é, por isso, o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.
Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida trinitária. É um caminho que é preciso percorrer continuamente.
A Santíssima Trindade habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Cf. Rm 5, 5). E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. Dizia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade eterna, sois mais profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”.
Imensa é a alegria por termos a presença da Santíssima Trindade na nossa alma! Esta alegria é destinada a todo cristão, chamado à santidade no meio dos seus afazeres profissionais e que deseja amar a Deus com todo o seu ser; se bem que, como diz Santa Teresa, “há muitas almas que permanecem rodando o castelo (da alma), no lugar onde montam guarda as sentinelas , e nada se lhes dá de penetrar nele. Não sabem o que existe em tão preciosa mansão, nem quem mora dentro dela”. Nessa “preciosa mansão”, na alma que resplandece pela graça, está Deus conosco: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Para o cristianismo a exigência da compreensão do mistério da Santíssima Trindade não tem um objetivo especulativo, mas sim espiritual e existencial, pois toda realidade subsiste nEla. A contemplação e o louvor à Santíssima Trindade são a substância da nossa vida sobrenatural, e esse é também o nosso fim: porque no Céu, junto de Nossa Senhora – Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo: mais do que Ela, só Deus – , a nossa felicidade e o nosso júbilo serão um louvor eterno ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Esse louvor, todavia, não pode alienar-nos do compromisso com a fé aqui e agora já que construirmos neste mundo o caminho para o céu. Nossa fé na Trindade Santíssima nos impele a viver motivados por seu exemplo de comunhão e unidade e construirmos uma sociedade da paz, do amor, da justiça e do perdão.

Pe. Fantico Borges, CM




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