sábado, 3 de fevereiro de 2018

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – V Domingo do Tempo Comum ano B

Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – V Domingo do Tempo Comum ano B

Aí de mim se eu não evangelizar!

A liturgia deste domingo, o V do tempo comum, fala-nos do amor de Deus que conhecendo o ser humano como obra de suas mãos, e consciente que pelo pecado a humanidade está doente, vem à nossa casa  e cura nossos males libertando-nos dos sofrimentos do pecado.
O Evangelho (Mc 1, 29-39) apresenta Jesus rodeado de uma multidão marcada pelo sofrimento: “Curou muitos enfermos atormentados por diversos males e expulsou muitos demônios” (Mc 1, 34). Mas se, por um lado, Ele se dedica a curar, por outro retira-se para um lugar deserto. E ali orava durante a noite. Ação apostólica e oração se completam. Pedro e seus companheiros o procuram. Quando O encontram, dizem-lhe: “Todos  Te procuram”. A verdadeira luz deve ser procurada em Deus, sobretudo através da oração.
O Senhor vai à casa de Simão Pedro e André e encontra a sogra de Pedro doente com febre; toma-a pela mão, ajuda-a a levantar-se e a mulher está curada e começa a servir. Neste episódio sobressai simbolicamente toda a missão de Jesus. Jesus vindo do Pai vai à casa da humanidade, na nossa terra, e encontra uma humanidade doente, doente com febre, com aquela febre que são as ideologias, as idolatrias, o esquecimento de Deus, a violência, a insensibilidade com o sofrimento alheio, a febre da injustiça. O Senhor dá-nos a sua mão, levanta-nos e cura-nos. E faz isto em todos os séculos; pega-nos pela mão com a sua palavra, e assim dissipa a obscuridade das ideologias, das idolatrias, das incertezas e maldades. Toma a nossa mão nos sacramentos, cura-nos da febre das nossas paixões e dos nossos pecados mediante a absolvição no sacramento da reconciliação. Dá-nos a capacidade de nos erguermos, de estarmos de pé diante de Deus e diante dos homens. E precisamente com este conteúdo da liturgia dominical o Senhor encontra-se conosco, guia-nos pela mão, eleva-nos e cura-nos sempre de novo com o dom da sua palavra, com o dom de si mesmo... (Bento XVI, Vaticano, 5 de Fevereiro de 2006)
Quando os apóstolos disseram: “Todos andam à Tua Procura”; o Senhor respondeu-lhes: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38). A missão de Cristo é evangelizar, levar a Boa Nova até o último recanto da terra, através dos Apóstolos e dos cristãos de todos os tempos. Esta é a missão da Igreja, que assim cumpre o que  o Senhor lhe ordenou: “Ide e pregai a todos os povos…, ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20).
São João Crisóstomo vai ao encontro das possíveis desculpas perante esta gratíssima obrigação: “Não há nada mais frio do que um cristão que não se preocupa pela salvação dos outros. Não digas: não posso ajudá-los, porque, se és cristão de verdade, é impossível que não possas fazer. Não há maneira de negar as propriedades das coisas naturais; o mesmo acontece com isto que agora afirmamos, pois está na natureza do cristão agir dessa forma. É mais fácil o sol deixar de iluminar ou de aquecer do que um cristão deixar de dar luz; mais fácil do que isso seria que a luz fosse trevas. Não digas que é impossível; impossível é o contrário. Se orientarmos bem a nossa conduta, o resto sairá como consequência natural. Não se pode ocultar a luz dos cristãos, não se pode ocultar uma lâmpada que brilha tanto”.
Perguntemo-nos se no nosso ambiente, no lugar onde vivemos e onde trabalhamos, somos verdadeiros transmissores da fé, se levamos os nossos amigos a uma maior frequência dos Sacramentos. Examinemos se encaramos a ação apostólica como algo urgente, como exigência da nossa vocação; se sentimos a mesma responsabilidade daqueles primeiros, pois a necessidade hoje não é menor… “Ai de mim se não evangelizar!”
Na pregação não se pode querer agradar a todos reduzindo, de acordo com as conveniências humanas, as exigências do Evangelho: “Falamos, não como quem procura agradar aos homens, mas somente a Deus” (1Ts 2, 4).
Não é bom caminho pretender tornar fácil o Evangelho, silenciando ou rebaixando os mistérios que devem ser cridos e as normas de conduta que devem ser vividas. Ninguém pregou nem pregará o Evangelho com maior credibilidade, energia e atrativo que Jesus Cristo, e houve quem não o seguisse fielmente. Não podemos esquecer-nos de que pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios, mas poder de Deus para os escolhidos quer judeus, quer gregos (1 Cor 1, 23-24).
Todos andam à Tua procura… O mundo  tem fome e sede de Deus. Diz o Doc. de Aparecida, nº 29: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-Lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria”.


Pe. Fantico Borges, CM 

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