Homilia do Pe. Fantico Borges, CM – II Domingo da Quaresma – Ano C
Escuta-O sempre!
Neste domingo Jesus
revela o esplendor da sua Glória, glória essa fruto do compromisso com a cruz
salvadora. No Evangelho ( Lc 9, 28-36 )
apresenta a fé dos Apóstolos, fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de
Jesus. Na Caminhada para Jerusalém, o
primeiro anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos
apóstolos. Gerou a “crise da galileia”. Desmoronaram seus planos de glória e de
poder.
Para fortalecer
essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles… subiu ao Monte e
“Transfigurou-se…” A transfiguração de Jesus é uma
catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de
Deus! Dizia São Leão Magno: “O Salvador do gênero humano, Jesus Cristo,
lançando os fundamentos daquela fé que converte os ímpios à justiça e restitui
os mortos à vida, formava seus discípulos por doutrinas e milagres a fim de
crerem que o mesmo Cristo é o Unigênito de Deus e o Filho do Homem”. Com isso
Jesus unia no coração e na mente dos discípulos que Aquele mesmo que morreu na
cruz era o mesmo que sempre esteve na glória dom Pai com Eterno Filho do Eterno
Pai. A transfiguração, então resplandecia a divindade do Deus-Filho na humanidade
do Filho do Homem.
Nesta caminhada
quaresmal somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia
dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da
caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra
desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos
gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”. Para São Leão Magno “a principal
finalidade desta transfiguração era dissipar nos corações dos discípulos o
escândalo cruz e que humilhação da paixão voluntária não perturbasse a fé
daqueles aos quais fora revelada a excelência da dignidade oculta”. Os
Apóstolos jamais esquecerão esta “gota de mel” que Jesus lhes oferecia no meio
da sua amargura.
Esta centelha da
glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro
exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas…” Pedro
quer prolongar a situação! O que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali,
mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-Lo por trás das
circunstâncias em que nos encontramos. Jesus não o repreende, apenas aponta que
devem descer a montanha a fim de ser fiel até o fim, pois não há glória sem
cruz, não há vitória sem sacrifícios, não há conquistas sem esforços.
A vida dos homens é
uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que,
às vezes, se torna áspera e difícil, porque com frequência devemos remar contra
a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora. Mas o Senhor quer
confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros
ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição.
O pensamento da
glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto
como ganhar o Céu. Ensina Santa Teresa: “ E se fordes sempre avante com esta
determinação de antes morrer do que desistir de chegar ao termo da jornada, o
Senhor, mesmo que vos mantenha com alguma sede nesta vida, na outra, que durará
para sempre, vos dará de beber com toda a abundância e sem perigo de que vos
venha a faltar” (Caminho de Perfeição, 20,2).
“Este é o meu Filho
amado, no qual ponho a minha complacência”. Com estas palavras Deus afirma
estar sempre presente junto ao Filho. Quem me viu viu o Pai, aqui se traça o
especifico de cada pessoa na Divina Relação de Paternidade e Filiação. A
Divindade única e real de cada pessoa. Este é meu Filho amado, não adotivo, mas
próprio; náo criado de outrem, mas gerado de Pai, igual a Ele; não de outra
natureza comparável a sua, mas nascido da sua essência.
Escutai-O!” ( Lc 9,
35 ). E Deus Pai fala através de Jesus Cristo a todos os homens de todos os
tempos. A sua voz faz-se ouvir em todas as épocas, sobretudo através dos
ensinamentos da Igreja…
Tudo que aconteceu
naquele monte não foi apenas para utilidade daqueles que escutaram, mas para a
Igreja inteira. Aquilo que viram os olhos dos apóstolos transmitiram de sua
audição. Aquela cena marcou a ainda marca nossa história de fé. Ninguém se
engane da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido. Ninguém tema sofrer
pela justiça ou desamine da retribuição prometida. Pelo labor se passa ao
repouso, pela morte se transita para avida. Uma vez que Cristo assumiu toda a
fraqueza de nossa humanidade, se permanecermos na confissão e no amor a ele,
venceremos como ele venceu, e receberemos o que prometeu. Na prática dos
mandamentos, ou no suportar as adversidades, deve ressoar sempre nos nossos
ouvidos as palavras cheias de encanto de Deus: “este é meu Filho amado,
escutai-O” .
A vida do Cristão é uma caminhada entre os sofrimentos da vida presente e a esperança inapelável na salvação eterna.
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