terça-feira, 27 de março de 2012

O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO:


ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA UMA BOA CONFISSÃO.

Deus no seu infinito amor instituiu o sacramento da reconciliação para todos os pecadores, que mesmo depois de lavados nas águas batismais continuam, impelidos pela concupiscência, cometendo pecados. A reconciliação como lembra o Catecismo da Igreja Católica é remédio da graça oferecido por Deus aos que feriram pelo mal uso da liberdade a comunhão eclesial. (cf. CIC, 1446)
Graças ao amor misericordioso de Deus não há pecado, por maior que seja, que não possa ser perdoado, nem pecador que seja posto de lado. “Todas as pessoas que se arrependerem serão recebidas por Jesus Cristo, com perdão e imenso amor" disse João Paulo II em 29-9-79.O poder de perdoar os pecados foi dado por Jesus aos Apóstolos, através do Espírito Santo: "Recebei o Espírito Santo. Os pecados daqueles a quem perdoares os pecados serão perdoados. Os pecados daqueles a quem não perdoardes não serão perdoados." Jo 20,22 Disse ainda o Santo Padre numa homilia em 1980 "Confessamos os nossos pecados ao próprio Deus, embora no confessionário sejam escutados pelo homem-sacerdote". Constituem partes do sacramento da Reconciliação:
1. Exame de consciência
Condição indispensável para uma confissão bem feita é o exame de consciência, que se traduz num "confronto sincero e sereno com a lei moral interior, com as normas evangélicas propostas pela igreja, com o próprio Jesus Cristo que é para nós Mestre e modelo de vida", disse João Paulo II em 26-3-81.
2. Contrição
Diz o Catecismo da Igreja Católica (1451) que a contrição é "uma dor de alma e uma detestação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar no futuro" (Concílio de Trento: Ds1676).
A contrição é, pois, uma recusa do pecado e o firme propósito de não voltar a pecar.
Ato de contrição: Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o coração, pesa-me de Vos ter ofendido e, com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão dos meus pecados pela Vossa infinita misericórdia. Amem.
3. Confissão dos pecados
Constitui uma acusação espontânea de todos os pecados ao confessor. É uma atitude de entrega, confiando plenamente na misericórdia de Deus. A Igreja recomenda a confissão regular mesmo que não haja pecados mortais, porque na confissão Jesus nos vai curando e moldando o nosso coração, atraindo-nos cada vez mais para Si.
4. O perdão
É o momento em que se experimenta o contato com o poder e a misericórdia de Deus, através do sacerdote, que nos devolve à vida, deixando para trás as trevas e voltando à luz.
O sacerdote pronuncia a absolvição: "Deus, Pai de misericórdia, que pela morte e ressurreição de Seu Filho reconciliou o mundo consigo, e infundiu o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." O penitente responde: Amem.
5. A penitência
João Paulo II numa alocução proferida em 22 de março de 1983 disse: "a penitência tem por missão conseguir a remissão das penas temporais que, depois da remissão dos pecados, ficam ainda por expiar na vida presente ou na futura."
A penitência é a reparação pelos pecados cometidos, imposta pelo confessor. O Catecismo da Igreja Católica (1460) refere que é "a aceitação paciente da cruz que temos de levar. Tais penitências ajudam-nos a configurarmo-nos com Cristo, que, sozinho, expiou os nossos pecados uma vez por todas. Tais penitências fazem que nos tomemos coerdeiros de Cristo Ressuscitado, uma vez que também sofremos com Ele (Rm 8,17)".

Precisamente por sermos pecadores, ficamos cegos diante de nossos pecados. Satanás quer nos fazer ver que não há mal no que fazemos. Então o coração se endurece, torna-se insensível às exigências do amor. Por isso é tão importante a conversão do coração.
"Por isso, como diz o Espírito Santo: "Se escutardes hoje MINHA voz, não endureceis o coração... Atenção irmãos! Que nenhum de vós tenhais um coração mau e incrédulo..." Hb 3.
Deus é um Pai amoroso que nos faz ver o pecado para nos dar a graça do arrependimento e nos perdoar. O nos quer livres. O demônio não quer que vejamos nosso pecado. Mas se procurarmos o caminho de Deus tratará de nos acusar com nossos pecados para que nós desanimemos e voltemos atrás. Podemos discernir então a diferença. Deus mostra o pecado para libertar e perdoar; o demônio o esconde mas quando o mostra é para que nos desesperemos. Devemos rejeitar energicamente estes pensamentos e ir à confissão com toda confiança no perdão de Deus. Deus SEMPRE perdoa quando há arrependimento.
É muito proveitoso fazer exame de consciência diário e também, com toda humildade, nos abrir a que pessoas próximas de nós nos corrijam. "Se examinássemos a nós mesmos, não seríamos condenados" (1 Cor. 11, 31). O exame se faz diante de Deus, escutando sua voz na consciência.

ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE A CONFISSÃO:
1. Quem busca o sacramento da reconciliação deverá predispor-se a:
· Reconhecer que tem pecado, e que tal pecado é uma ofensa a Deus, e por conseguinte uma ruptura com o próximo.
· Estar aberta a misericórdia de Deus e acolhe-la com gratidão.
· Arrepender-se sinceramente pelas faltas cometidas e fazer o firme proposito de não mais voltar a pecar naquelas faltas confessadas.
· Fazer, previamente, o exame de consciência para verificar quais os pecados cometidos precisam ser falados ao sacerdote.
· Ter fé e convicção na graça santificante do sacramento da reconciliação.

2. Confessar não é:
· Contar problemas econômicos, sociais, desabafar as próprias queixas.
· Contar ao padre as coisas boas que fez. Isso é autoelogio, desnecessário ao momento da confissão, que, antes de tudo, é um ato de humildade.
· Descarregar as mágoas; as angustias; as tristezas e as frustações. Para isso é melhor marcar outro momento para orientação espiritual. Ou quem sabe procurar uma ajuda profissional no campo da psicologia.
· Dizer ao confessor padre não tenho pecado: quem não tem pecado não precisa de confissão.
· Dizer ao padre: sou pecador porque todo mundo peca e ficar só nisto. Faltará matéria para o sacramento. O pecado é necessário como matéria para o sacramento: matei, roubei, adulterei, menti, fofoquei do meu irmão, forniquei, pratiquei ato sexual com um mesmo sexo que o meu e etc...

EXAME DE CONSCIENCIA:
Cada penitente conhece as faltas que cometeu, sem precisar de fazer uma detalhada investigação. O exame de consciência e colocar diante de si os pecados fazendo uma lista de erros que cometeu durante o tempo entre a última confissão e próxima que virá. Feito isso é necessária a contrição, ou seja, a moção do coração em afirmar a si mesmo não quero mais pecar! Nesta hora vale muito o sentimento de amor a Deus e a consciência de sua misericórdia infinita. São Pedro recomenda: “Conservem entre vocês um grande amor, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8)

PREPARAÇÃO PARA A CONFISSÃO:
Preparação remota: Educamo-nos na fé pelo estudo da Palavra, o Catecismo, leitura dos Santos, participação nos ensinamentos... A prática séria do que aprendemos tudo isso colocado em sintonia nos levará sempre a um estado de exame de consciência.

Preparação imediata: O exame de consciência antes de confessar. Vamos a um lugar tranquilo, preferivelmente diante do sacrário, para orar. Só Deus pode iluminar sobre nossa realidade e nos dar os meios para responder à graça. Por isso é necessário chegar antes do horário da confissão e rezar pedindo a Deus a iluminação para um bom exame de consciência.
Contemplamos a vida de Jesus e seu amor manifesto em Sua Cruz. "Contemplai ao que transpassaram" Jo 19:37. Como respondi a tanto amor, a tantas graças? Examinamos nossa vida diante da lei de Deus. Por isso ajuda ter um exame escrito que nos recorde o que esquecemos. Recordamos que não se trata de sugestões, Deus nos deu MANDAMENTOS. Quebrá-los é quebrar nossa aliança com Deus e cair em pecado.
Não se trata tão somente de enumerar pecados, mas sim de descobrir a atitude do coração e com DOR POR NOSSOS PECADOS, FAZER O FIRME PROPÓSITO DE NÃO VOLTAR A COMETÊ-LOS.

EXAME DE CONSCIÊNCIA COM BASE NAS TRÊS RUPTURAS:

Examine-se - ajudado por estas perguntas - quais pecados você cometeu desde sua última confissão? Trate de não ficar no exterior, mas sim nas atitudes do coração e as omissões.

1. Ruptura com Deus:
Amo na verdade a Deus com todo meu coração ou vivo mais apegado às coisas materiais?Preocupei-me por renovar minha fé cristã através da oração, a participação ativa e atenta da missa dominical, a leitura da Palavra de Deus, etc.? Guardo os domingos e dias de festa da Igreja? Cumpri com o preceito anual da confissão e a comunhão pascal?
Tenho uma relação de confiança e amizade com Deus, ou cumpro somente com ritos externos?Professei sempre, com vigor e sem temores minha fé em Deus? Manifestei minha condição de cristão na vida pública e privada?
Ofereço ao Senhor meus trabalhos e alegrias? Recorro a Ele constantemente, ou só o busco quando o necessito?
Devolvo meu dízimo a Deus com alegria ou não o faço?
2. Ruptura comigo mesmo:
Sou soberbo e vaidoso? Considero-me superior a outros?
Procuro aparentar algo que não sou para ser valorizado por outros? Aceito a mim mesmo, ou vivo na mentira e no engano? Sou escravo de meus complexos?
Que uso tenho feito do tempo e dos talentos que Deus me deu? Esforço-me por superar os vícios e inclinações más como a preguiça, a avareza, a gula, a bebida, a droga, o sexo desenfreado, a masturbação e outros?
Caí na luxúria com palavra e pensamentos impuros, com desejos ou ações impuras?Realizei leituras ou assisti a espetáculos que reduzem a sexualidade a um mero objeto de prazer?
Caí na masturbação ou a fornicação? Cometi adultério?
Recorri a métodos artificiais para o controle da natalidade?

3. Ruptura com os irmãos:
Amo de coração o meu próximo como a mim mesmo e como o Senhor Jesus me pede que o ame?
Em minha família colaboro em criar um clima de reconciliação com paciência e espírito de serviço?
Sou filho obediente a meus pais, prestando-lhes respeito e ajuda em todo momento?
Preocupam-me como pai ou mãe em educar na vida cristã meus filhos e de respirá-los em seu compromisso de vida com o Senhor Jesus?
Abusei de meus irmãos mais fracos, usando-os para meus fins?
Insultei meu próximo? Escandalizei-o gravemente com palavras ou com ações?
Se me ofenderam, sei perdoar, ou guardo rancor e desejo de vingança?
Compartilho meus bens e meu tempo com os mais pobres, ou sou egoísta e indiferente à dor de outros? Participo das obras de evangelização e promoção humana da Igreja?
Preocupo-me pelo bem e a prosperidade da comunidade humana em que vivo ou passo a vida preocupada tão somente comigo mesmo? Cumpri com meus deveres cívicos? Paguei meus tributos ou sonego?
Sou invejoso? Sou fofoqueiro e enganador? Difamei ou caluniei alguém? Violei segredos? Fiz julgamentos temerários sobre outros?
Sou mentiroso?
Causei algum dano físico ou moral a outros?
Fui honesto em meu trabalho? Usei corretamente a criação ou abusei dela com fins egoístas? Roubei? Fui justo à relação com meus subordinados tratando-os como eu gostaria de ser tratado por eles?


Pe. Fantico Borges, CM

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