Homilia
do Pe. Fantico Borges, CM – V Domingo de Páscoa Ano B
Eu sou
a videira, sem mim nada podeis fazer!
Na liturgia
de hoje Jesus afirma que ele é a videira e nós os ramos. Ora, um ramos separado
da arvore não produz nada. Secará e sera queimado como galho seco e infrutífero.
A mesma coisa é o cristão se não tiver bem unido a Cristo nada pode fazer. É importante
lembrar que o antigo Israel sempre se considerou a vinha do Senhor. No
Evangelho (Jo 15,1-8), quando Jesus afirma: “Eu sou a videira verdadeira”.
Essas palavras, numa ceia de despedida, representam o seu “Testamento”. Jesus
proclama que ele é videira verdadeira plantada pelo próprio Deus, diferente do
antigo Israel que não produziu os frutos esperados, Jesus diz que quem permanecer
nele dará muito fruto.
Jesus se
apresenta como a “videira verdadeira”, capaz de produzir frutos que Israel não
produziu. Ele é o tronco e nós somos os ramos! O ramo que não der frutos é
cortado e lançado ao fogo. O ramo que dá frutos é podado para que dê mais frutos.
Jesus convida os apóstolos a permanecerem n’Ele:” permanecei em Mim, como Eu em
vós”. Como o tronco da videira transmite a vida aos ramos e os ramos são
vivificados quando permanecem ligados ao tronco, assim se dá com Cristo e os
cristãos. Os ramos assim ligados ao tronco é que produzem fruto. Para produzir
frutos, os ramos precisam de seiva da videira e da poda.
Na patrística
Orígenes destaca a necessidade de correção que todo ser humano precisa. Para ele
se estamos enxertados em Cristo, será necessário que o Pai nos pode, ele que é
o agricultor. É interessante que o
agricultou quando deseja que a planta produza mais frutos e melhores a
qualidade da semente ele poda a arvores, ou seja, corta os galhos que sugam as
forças da planta sem nada produzir. A planta no tempo da poda sofre, mas depois
ela cresce vicejante e dar frutos abundantemente. No campo da fé muitas vezes
precisamos de disciplina e correções. Na hora da correção sofremos e nos
sentimos até injustiçados, mas geralmente a correção fraterna dará muitos
frutos positivos no tempo certo. Uma coisa que precisamos trabalhar em nós é a paciência
divina, a longanimidade eterna que sabe esperar com prontidão o tempo da
colheita.
Na fala de
Jesus fica claro que o cristão precisa
da seiva da videira, que é Cristo, pois “sem Ele nada podeis fazer”. É interessante
notar que o texto fala oito vezes em “permanecer em Cristo” e sete vezes em
“dar frutos”. Se não permanecermos unidos a Cristo, recebendo essa seiva, nos
tornaremos ramos secos e estéreis, que serão cortados e lançados ao fogo.
Os nossos
trabalhos pastorais não serão eficazes se não houver a seiva dessa videira e o
contato com Jesus, através da Oração, meditação, leitura orate da palavra. Só
unidos ao tronco podem viver e frutificar os ramos; do mesmo modo, só
permanecendo unido a Cristo pode o cristão viver na graça e no amor e produzir
frutos de santidade. Isto manifesta a impossibilidade do homem em tudo o que se
relaciona com a vida sobrenatural e a necessidade da sua total dependência de
Cristo; mas manifesta também a vontade positiva de Cristo de fazer com que o
homem viva a sua própria vida com Ele.
Quem não está
unido a Cristo por meio da graça terá, o mesmo destino que as varas secas: o
fogo. Diz Santo Agostinho:”os ramos da videira são do mais desprezível se não
estão unidos ao tronco; e do mais nobre se o estão(…) Se se cortam não servem
de nada nem para o vinhateiro nem para o carpinteiro. Para os ramos há duas opções:
ou a videira ou o fogo: para não irem para o fogo, que estejam unidos à
videira” (Santo Agostinho: Tr. Sobre São João, 81, 3-4).
Estejamos
atentos! O Senhor nos faz um apelo: “produzir frutos…”. Porém impõe uma
condição: “permanecer unido a Ele”. Para isso precisa: gastar tempo com Ele!
Nenhum trabalho, mesmo pastoral, justifica o abandono do encontro pessoal com
Cristo, na Oração. Jesus nos adverte:”sem mim nada podeis fazer”. Devemos antes
falar com Deus… para depois falar de Deus… Alimentar a nossa espiritualidade
com esta “seiva divina”, que é a graça de Deus, na escuta da Palavra, na
pratica sacramental… Dizia São João Paulo II:”A oração é para mim a primeira
tarefa, como o primeiro anúncio; é a primeira condição de meu serviço à igreja
e ao mundo”. São Francisco de Assis ensinava que “do homem que não reza não se
pode esperar nenhum bom fruto”. Nossa sede de Deus será a força para nossa sede
em conquistar novos filhos (ramos) para vinha de Senhor. A vida de união com
Cristo transcende necessariamente o âmbito individual do cristão para se
projetar em benefícios dos outros: daí brota a fecundidade apostólica, já que o
apostolado, seja ele de que tipo for, consiste numa superabundância da vida
interior.
Essa união com
Cristo, a videira verdadeira, será sempre abundante quando mais nos envolvermos
todo com ela. É preciso passar de fé conceitualistas que sabe quem é Deus com
termos altíssimos para uma fé encarnada que se encontra com Deus nas situações
reais da vida das pessoas, especialmente os pobres e excluídos, da religião, da
economia e da vida social. Como dizia
São Vicente amemos a Deus não somente com palavras , mas atitudes.
Pe. Fantico
Borges, CM
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